sexta-feira, 19 de abril de 2013


Como saber quando procurar ajuda profissional para ajudar a superar a sua experiência de perda/luto?

É importante não “patologizar” o luto encarando-o que se fosse uma doença, no entanto, também é importante garantir a reorganização da própria vida depois de uma perda significativa.


Podemos ficar “bloqueados” de muitas maneiras no ciclo do luto. O luto pode estar aparentemente ausente, cronificar-se ou representar uma ameaça na nossa vida. Estes resultados negativos são mais prováveis nos casos de perdas traumáticas (por exemplo, os que implicam danos no próprio corpo ou quando um ser querido é vítima num acidente). Também pode ser dificil a acomodação a mortes “fora de tempo” que não estão sincronizadas com o ciclo de vida familiar, como pode ser o caso da morte de uma criança.

As características da pessoa que sofre a perda também podem influir no processo e no resultado do luto, caracteristicas estas que podem incluir o uso de estratégias como o recorrer a ansiolíticos ou ao alcool. Por último, os factores contextuais, como o apoio social com o que a pessoa conta, também podem facilitar ou dificultar a elaboração de um luto saudável.

Um exemplo especialmente dramático é o fenómeno da “sobrecarga de luto” em que o indivíduo se enfrenta com as mortes simultaneas ou sequenciais de um grande número de outros significativos.

Como pode saber quando deve procurar ajuda para além do seu circulo habitual de amigos e familiares, para assimilar a sua própria experiencia de perda?
Uma resposta possível é se pode reconhecer que ficou “bloqueado” no seu luto: se foi incapaz de “sentir” durante meses pela perda do seu ser querido, ou pelo contrário, se se sente “preso” no seu sofrimento intenso e implacável, que pode chegar a pô-lo em perigo a si mesmo ou às pessoas que tem à sua responsabilidade.

Ainda que todos devamos tentar encontrar sentido para as nossa perda e para a vida que levamos depois de sofrê-la, não há nenhum motivo para fazê-lo de forma heroica, sem o apoio, os conselhos ou as ajudas concretas dos outros.


Quando procurar ajuda?

A dor, a solidão e as perturbações que acompanham o luto não têm nada de “anormal”, no entanto, há alguns sintomas que deveriam levar-nos a procurar um profissional ou alguma pessoa do nosso meio que possa ajudar-nos: profissionais de saúde mental, médicos, guias espirituais, grupos de apoio. Cada pessoa deve tomar a sua decisão livremente mas deve colocar seriamente a possiblidade de falar com alguém sobre o seu luto se apresenta algum dos seguintes sintomas:


. Sentimentos de culpa intensos, provocados por coisas diferentes às que fez ou deixou de fazer no momento da morte do seu ser querido;

. Pensamentos de suicídio que vão mais além do “desejo passivo de estar morto” ou de poder reunir-se com o seu ser querido;

. Desespero extremo, a sensação de que por muito que tente nunca vai poder recuperar uma vida que valha a pena viver;

. Inquietude ou depressão prolongadas a sensação de estar “preso” ou “lentificado” mantida ao longo de vários meses;

. Sintomas físicos, como a sensação de aperto no peito ou perda substancial de peso, que podem representar uma ameaça para o seu bem-estar físico;

. Ira descontrolada, que faz com que os seus amigos ou seres queridos se distanciem ou que o leva a “planear uma vingança” da sua perda;

. Dificuldades continuadas de funcionamento que se manifestam na sua incapacidade para conservar o seu trabalho ou realizar as tarefas domésticas necessárias à vida diária;

. Abuso de substâncias, confiando demasiado nas drogas ou alcóol para desterrar a dor da sua perda.


Qualquer destes sintomas pode ser uma caracteristica pasageira de um proceso normal de luto, mas a sua presença continuada deve ser causa de preocupação e merece a atenção de um profissional para além das figuras de apoio informal presentes na vida de cada um de nós.


Adaptado de Neimeyer (2000) “Aprender de la perdida”

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