sexta-feira, 28 de dezembro de 2012


180 Terapias Acores sugere: Tome um café consigo mesmo !*



O final de um Ano e início de um Novo pode ser um momento propício para tomar um café consigo mesmo e brindar-se de um espaço e um tempo, na rapidez da vida quotidiana, e desta forma, encontrar-se com o melhor de si.

Quais são os seus sonhos? Qual o seu projecto de vida? Como lida com os obstáculos?

Há que questionar quais são os nossos valores e ver de que forma os introduzimos no nosso projeto de vida.

Os valores são os nossos verdadeiros desejos, para o caminho que queremos trilhar e para a forma como queremos relacionar-nos com o mundo, com os outros e connosco mesmos. São os princípios autênticos que nos guiam e que nos motivam para como viver a nossa vida. É importante que cada um de nós se questione o que quer para a sua vida e se, renunciar a isto, não implicará um grau de frustração demasiado elevado.

Perseguir os sonhos é um estímulo à motivação e a encontrar um “porquê” e “para quê” da vida. Sem este projeto para nós próprios, corremos o risco de deambular pela vida sem saber bem por onde vamos...

Vão existir sempre obstáculos com os quais teremos que lidar para alcançar os nossos sonhos. Estes podem ser encarados como uma medida da nossa capacidade de lidar com eles. Até que ponto somos permeáveis aos obstáculos? Às opiniões dos outros? . . .

Por vezes, a nossa família e os nossos amigos podem ser conservadores e pôr em causa a viabilidade do nosso projecto ou até a nossa capacidade de conseguir concretizá-lo.

Apostar em nós mesmos significa acreditar em nós mesmos; ter um mapa e saber onde queremos chegar.

O projecto que definirmos para nós hoje, deverá ser para os próximos seis meses e recomendamos que inclua três ou quatro metas realistas que possamos cumprir.
Ao longo deste período de tempo, sugerimos dedicarmos momentos a nós mesmos para perceber em que ponto estamos do nosso caminho, de modo a que possamos ir monitorizando o resultado do nosso esforço.

Tome um café consigo mesmo !

Desejamos a todos os nossos leitores e interlocutores um Excelente Ano Novo, nós continuaremos por aqui !


* Adaptado de Gaspar Hernandez (Montevideo, 1945)


sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Alienação Parental II


17 formas comuns de manipulação dos filhos contra o outro progenitor:
  1. Incentivar o filho para que, a médio ou longo prazo, a criança afirme que a decisão de rejeitar o progenitor é exclusivamente sua.
  2. Não passar as chamadas telefónicas aos filhos.
  3. Organizar várias actividades com os filhos durante o período em que o progenitor deve, normalmente, exercer o seu direito de visita.
  4. Apresentar o novo cônjuge aos filhos como o seu novo pai/mãe.
  5. Interceptar o correio e as encomendas dirigidas aos filhos.
  6. Desvalorizar ou insultar o outro progenitor diante dos filhos contando histórias de grande dramatismo para que os filhos acreditem que aconteceram ou que continuam causando danos.
  7. Falar mal do novo cônjuge do outro progenitor.
  8. Impedir que o outro progenitor exerça o seu direito de visita.
  9. Implicar toda a família na lavagem cerebral aos filhos.
  10. Insinuar aos filhos que podem mudar (ou tentar mudar) os seus apelidos ou nomes.
  11. Impedir o outro progenitor de aceder às informações escolares e médicas dos filhos.
  12. Ir de férias sem os filhos e deixá-los ao cuidado de outra pessoa, quando o outro progenitor está disponível e tem vontade de ficar com eles.
  13. Contar aos filhos que as roupas ou as prendas que o outro progenitor lhes comprou são feias e proibi-los de as usar.
  14. Ameaçar os filhos com castigos, caso se atrevam a telefonar, escrever ou contatar o outro progenitor.
  15. Repreender o outro progenitor pelo mau comportamento dos filhos.
  16. Insistir com os filhos que o outro progenitor não é capaz de cuidar deles, por isso é que eles não se sentem bem quando regressam das visitas.
  17. Procurar aliados na família extensa ou nos amigos para que intervenham na educação dos filhos como se fossem seus pais, tomando parte nos conflitos por parte do progenitor residente (que convive diariamente com o filho).

Traduzido do livro “No quiero ir contigo” Cómo saber si tu hijo es manipulado por tu ex pareja. Nora Rodríguez (2009).

Após ser vítima destas manipulações contra um progenitor a imagem que a criança tem dele acaba por ficar desfragmentada e distorcida....



Mas não podemos esquecer que não é so a imagem do progenitor que fica afetada, o desenvolvimento saudável e a personalidade destas crianças também são prejudicados.



sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Luto


Encontramos um lugar para o que perdemos. Mesmo sabendo que depois da perda a fase aguda do luto acalmará, também sabemos que permaneceremos inconsoláveis e que nunca encontraremos um substituto. Não importa o que preenche o vazio, até mesmo se o preenche completamente, sempre há algo mais“.
(E.L. Freud, 1961, p.386 cit in Worden, 2010)


Luto é sinónimo de dor, pena e aflição. É o sentimento que se tem pela morte de alguém. Segundo Bowlby (1980), “é o processo psicológico que se inicia devido à perda de uma pessoa amada”.
De acordo com a perspectiva familiar sistémica, a perda pode ser vista como um processo transaccional que envolve o falecido e os elementos da família num ciclo de vida comum, que reconhece tanto a finalidade da morte como a continuidade da vida (Walsh & McGoldrick, 1991).

A visão sistémica identifica diferentes aspectos no luto familiar (Tercero, 1998):
  1. Definição de luto familiar
    A perda ou ameaça de perda de um elemento da família é a maior crise que um sistema familiar atravessa, colocando a família à prova, pois só um sistema com recursos suficientes irá produzir uma mudança adaptativa, não colocando em risco a continuidade do mesmo.
  1. Reorganização familiar no luto
    Durante o luto, surge a necessidade da família reorganizar os seus sistemas comunicacionais, reorganizar as regras de funcionamento do sistema, redistribuir papéis e adaptar-se a uma nova realidade em que o falecido está ausente.
  1. Etapa do ciclo de vida
    Outra questão importante refere-se ao impacto da perda no ciclo de vida da família, variando de acordo com a etapa que a família atravessa. A morte faz parte do ciclo de vida, mas é vivida de forma diferente consoante a etapa em que a família se encontra. O luto coloca o desafio de aprender a viver com a perda e encontrar um novo sentido na existência.
    4. Etapas do luto familiar
    1.ª Estupefacção e choque
    2.ª Tristeza e dor intensa
    3.ª Negação e procura
    4.ª Culpa/zanga
    5.ª Depressão/solidão
    6.ª Resolução
A última etapa é caracterizada pelos esforços que a família realiza para regressar à normalidade, podendo variar entre os doze e os dezoito meses. Quando o luto se prolonga por mais de vinte e quatro meses é habitualmente denominado de luto patológico.
As etapas são diferentes momentos que, por vezes, se sobrepõem. Nem todas as pessoas as atravessam segundo uma sequência rígida. Por vezes, variam de acordo com a situação que experienciam (e.g., doença de outro familiar, desemprego, divórcio, etc.), o tipo de morte (e.g., súbita ou lenta), a natureza da morte (e.g., ambígua, violenta, suicídio), a rede familiar e de suporte e a etapa do ciclo de vida em que se encontram. Variam também relativamente ao grau de relação com o falecido e podem desencadear sentimentos como culpa, angústia e revolta e ou desinteresse pela vida, baixa auto-estima, etc.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Workshop Família de Origem d@ Técnic@


Constitui-se num processo vivencial, destinado a aprofundar o entendimento da família de origem do participante, à luz da visão sistémica.
 
 
 
                   “Cada família com a qual trabalhamos, contém parte da nossa” Bowen.

 
 
É realizado em pequenos grupos (máximo 4 pessoas), durante dois dias consecutivos, onde os participantes estarão inteiramente voltados para seu trabalho pessoal. O participante realiza uma série de tarefas prévias ao workshop, as quais serão explicadas numa reunião informativa. Esta preparação, juntamente com a intensidade do trabalho em si, faz com que a experiência seja profunda e com impacto nas diversas áreas da vida do participante.
Podem participar no Workshop técnic@s que na sua prática profissional intervenham com famílias ou indivíduos, e que procuram o auto-conhecimento e a compreensão das influências recebidas da sua própria família de origem. A ressonância que estas influências têm sobre a pessoa, e a prática do profissional, pode ser melhor compreendida e elaborada a partir da experiência vivida no Workshop.
Todo o processo está sujeito a confidencialidade.


Objectivos da revisão da Família de Origem do técnico:
  • Desenvolvimento pessoal (promoção do auto e inter-conhecimento) e profissional.
  • Aprender mais sobre a própria família (papéis, padrões, mitos, segredos...).
  • Identificar os problemas da FO, e o seu efeito no meu papel como técnic@ e pessoa.
  • Aplicar novos conhecimentos às relações interpessoais.
  • Rever os recursos e os pontos de estancamento da minha família.
  • Aprender dos genogramas alheios e partilhar a minha experiência com as outras pessoas.
  • Identificar as padrões transgeracionais, para poder decidir melhor as minhas intervenções.
  • Compreender melhor a contra-transferência e transferência.
  • Humanizar a experiência do trabalho com famílias.


O Workshop é dirigido por Natalia Bautista e Ruben Santos.
Destinado a: Técnic@s que intervêm com famílias e indivíduos na área social, saúde, educação e judicial.
Início: Datas variadas durante o ano.
Duração: Dois dias intensivos (fim de semana) + sessão prévia + sessão pós-genograma.
Preço: 120 € por participante.

Para informações e marcações contactar para: 180.acores@gmail.com
 

terça-feira, 4 de dezembro de 2012


"O Mito da meia laranja" adaptado de Juan Batista Pino

Cada um de nós é uma meia laranja? Ou uma laranja completa? Porque nos unimos em casal?





O “mito da meia laranja” leva-nos a crer que a solução dos nossos problemas e o nosso bem-estar estão fora de nós mesmos, numa outra pessoa que nos tornará completos. Consideramos ser a metade de algo e procuramos alguém que encerre esse círculo e nos leve à “felicidade”. 
Cabe-nos perguntar se dois seres incompletos formam algo completo ou se, pelo contrário, aumentam esta condição de “não completos”...


Um dos problemas inerentes ao consideramos o outro a minha “meia laranja” é considerarmos a nós mesmos de igual forma, a metade de algo. Assim, colocamos o nosso bem-estar nas mãos do outro, no sentido em que nos tornamos dependentes do outro para estar bem.

Alguns de nós unimo-nos para não estar sós o que nos leva, mais a procurar solucionar os nossos próprios problemas, que propriamente em estar com a outra pessoa.

O “estar só” é uma faceta da condição humana que deve ser conquistada e aceite. Devemos despojá-la do todo o cariz dramático e aprender a lidar razoavelmente bem com ela. Quando aprendemos a estar sós, explorando a nossa individualidade, aceitando as nossas dificuldades e assumindo que o nosso bem-estar depende, principalmente, de nós mesmos, então seremos mais autónomos e podemos unir-nos livremente a outros sem depender deles.

É muito mais saudável considerar-se a si mesmo como uma “laranja completa” com todas as suas possíveis imperfeições e fragilidades, mas algo inteiro e não a meio. Todos somos seres íntegros e acabados, individuais e prontos para evoluir. A partir desta posição de autonomia e responsabilidade comigo mesmo, podemos e devemos, procurar a outra “laranja completa” com quem queremos partilhar esta visão da relação e da vida.

Verdadeiramente, os dois membros de um casal unem-se, no sentido de se completar e desenvolver cada um a si mesmo e por si mesmo e utilizam entre outras coisas e de maneira principal, a união e a relação com o seu cônjuge. Mas não se completam somando-se um ao outro. Não se trata de se fundir com o outro, mas sim de caminhar em paralelo, lado a lado.

Nos alicerces de um casal, há uma verdadeira amizade na qual cada um não se propõe a mudar o outro para ajustá-lo aos seus interesses, mas aceita-o tal como é e como muito, propõe-se mudar-se a si mesmo no sentido de querer ser melhor, para assim dar coisas melhores ao casal.

A visão romântica não é suficiente para que uma relação seja saudável e duradoira. Trata-se de ter uma amizade genuína, inclusivamente ser amigos antes de amantes, capacidade de apoiar-se nos projectos de cada um, um verdadeiro gostar mais além do “do físico” e capacidade de atravessar momentos difíceis escutando-se e partilhando.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012


RECONSTRUIR A NOSSA INDIVIDUALIDADE


O que dantes era feito para dois tem agora de ser feito para um. É importante reconstruir a auto-estima, abandonar a culpa. Se o outro não quiser ficar, problema dele. A ideia errada de que é impossível “sobreviver” deve ser combatida. Todas as pessoas têm recursos, capacidades, talentos. Uma desilusão amorosa pode levar-nos a pensar que os perdemos, que eles eram dependentes do outro ou até que nunca existiram. Isso é falso. Um dos passos essenciais é adquirir a capacidade de estar só, desenvolvendo actividades, construindo objectivos e criando sonhos só nossos...

Parece um cliché de psicólogos afirmar que muitas vezes o crescimento implica alguma dose de sofrimento. Só que, como muitos clichés, também este é verdadeiro. Uma desilusão amorosa pode ser uma oportunidade para ganharmos uma nova perspectiva de vida, examinarmos as nossas escolhas amorosas, descobrirmos novos amigos e interesses, para nos tornarmos mais fortes, resistentes e independentes.”



Nuno Amado
Diz-me a Verdade sobre o Amor”








quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Alienação Parental I





"Laura tinha 12 anos quando os seus pais se separaram. A dor da separação cedo se juntou à notícia de que o seu pai havia refeito a sua vida e que a sua nova companheira ia ter um bebé. Os esforços do pai para estar com a sua filha desde cedo foram interrompidos. Ele pensava que se pagasse corretamente a pensão de alimentos, a hipoteca, metade dos impostos e os gastos de educação e saúde, a sua ex-mulher não teria motivos para prejudicar a relação com a filha. Mas a mãe de Laura estava muito magoada com a separação e, instigada pela família (pais, irmão, cunhada, primos), decidiu castigar o seu ex-marido tirando-lhe a filha. Interceptava chamadas telefónicas, falava-lhe mal do pai, contava-lhe em segredo que passar por um aborto depois de ter sido abandonada pelo marido, organizava saídas nos fins de semana em que deveria estar com o pai, comprava presentes. Quando ela conseguiu que a filha ficasse do seu lado, deu mais um passo: que fosse a filha a enfrentar o pai apenas com 13 anos. A mãe deixou de atender o telefone e mandava a filha resolver todos os assuntos com a desculpa de que estava muito deprimida. Se casualmente atendia ela, então distorcia a conversa e chorava diante da filha para parecer que o pai magoara a mãe. Laura sofria de contraturas, problemas com a comida, começou a ser uma menina complexada … e como qualquer filha na sua situação, tomou partido por quem mais a pressionava: a mãe, enfrentando abertamente com 13 anos o seu pai. Numa discussão (recorda o pai da Laura) a sua ex-mulher disse-lhe: “Vais-te arrepender, nunca mais a vais ver.”. Dois dias depois, Laura disse ao pai que não o queria ver mais, que ia mudar o seu apelido e que conseguiria um pai melhor. Tudo isso com a absoluta convicção de que tomava decisões por si mesma e inclusivamente assegurando a uma psicóloga que a sua mãe e avó jamais lhe haviam falado mal do pai, o que demonstrava a “lavagem cerebral” da jovem."

Traduzido do livro “No quiero ir contigo” - Cómo saber que tu hijo es manipulado por tu ex pareja. Nora Rodríguez (2009), p. 16/17.


 
Este excerto ilustra o que pode acontecer num caso de divórcio/separação em que o conflito entre os pais atinge proporções preocupantes, fazendo surgir o fenómeno da alienação parental.

Em 1985, Richard Gardner define pela primeira vez este fenómeno apelidando-o de Síndrome de Alienação Parental e definindo-o como “um transtorno que surge principalmente nos contextos de disputas pela guarda e custódia dos filhos. A sua primeira manifestação é um campanha de difamação contra um dos pais por parte do filho, campanha essa que não tem justificação. Este fenómeno resulta da combinação de uma “lavagem cerebral” sistemática de um dos pais e das próprias contribuições da criança que levam à denegrição da imagem do progenitor alvo desta campanha. Quando se verifica que ocorreram abusos ou negligência parental, a animosidade da criança pode ser justificada, sendo que a explicação do síndrome de alienação parental para a hostilidade da criança não é aplicável”.
Desde então cada vez mais autores tem vindo a estudar e aprofundar este fenómeno, saliente-se José Aguilar que, em 2004, escreve um livro sobre este tema intitulado “SAP-Sindrome de Alienação Parental”.
A evolução do estudo deste tema levou a que hoje em dia vários autores adoptem uma visão ligeiramente diferente da original, caracterizando a alienação parental não como um síndrome (conotação patológica), mas como uma dinâmica familiar em que não existe o “pai bom” e o “pai mau”, mas sim em que estes papéis são rotativos. Considera-se a alienação como um processo recíproco em que ambos os pais são envolvidos, podendo ambos ser o alienador, dependendo da forma como se comportam e podendo estes comportamentos ocorrer muito antes da alienação parental se manifestar (Darnall, 1997).

A alienação parental é um tema que, em Portugal, tem sido objeto de uma crescente preocupação por parte de várias entidades e personalidades da área da Psicologia, Direito, Mediação Familiar, entre outras, dadas as consequências que acarreta para os filhos de pais separados/divorciados que a vivenciam.
De referir que o dia 25 de Abril foi assinalado como o Dia Internacional da Consciencialização da Alienação Parental.


segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Crecer en Familia - Adrián Cardozo, Silvia Basteiro y Elena de la Aldea - Ediciones Eneida - Salud


 
 
Crescer em Família converte o leitor em protagonista da sua história desde as distintas etapas da vida. Pouco a pouco vamos descobrindo os papéis familiares e as mudanças sociais, os conflitos pais / filhos, a convivência em casal, a saúde mental da família, participando em cada um dos capítulos, já que crescer em família está escrito desde uma concepção didáctica e educativa, partindo da responsabilidade de todos e de cada um de nós, para enfrentar com êxito uma nova concepção de família mais próxima da realidade de cada dia.

Os autores (Adrián Cardozo, Silvia Basteiro e Elena de la Aldea) são psicólogos e membros fundadores de LO GRUPAL, participando activamente no desenvolvimento do trabalho comunitário com pessoas com doença mental crónica, assim como em saúde comunitária e intervenção psico-social com famílias.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Ser é chegar a ser


 
 
Ser é chegar a ser. Há que aprender a ser tudo o que somos. Uma das razões de entrar num processo de psicoterapia é que ao entregar-nos a um estranho, nós podemos descobrir o tipo de liberdade que nos vai possibilitar descobrir quem somos.

O psicoterapeuta é uma dessas pessoas que se pode odiar sem culpar. Uma dessas pessoas com as quais podemos ser completamente nós próprios, sem deixarmos de ser aceites, mais ou menos uma hora por semana. Termos a coragem de nos expor a alguém facilita ou possibilita ainda mais o expor mais de mim próprio a mim próprio.

De modo que o primeiro passo é aprender a escutar-nos. Atrever-nos a que haja momentos nos quais nada se sucede, a não ser que esperemos que algo ocorra dentro de nós, não desde fora, não desde alguma outra pessoa.

A criatividade exige distanciamento e tempo.





Texto adaptado de Carl Whitaker, Meditaciones Nocturnas de Un Terapeuta Familiar, 1992

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

180 Terapias Acores estará na Radio Atlántida

Bom dia!!
Amanhã de manhã das 9 às 11h o 180 Terapias Acores estará na Radio Atlántida nas "Manhãs da Atlântida com Graça Moniz" apresentando o seu projecto. Estão tod@s convidad@s.
 
 

 http://www.radioatlantida.net/

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Relação Conjugal/Divórcio

O Fim Aproxima-se

            “Quando o casamento atinge o ponto em que o casal já rescreveu a sua história, quando os seus corpos e as suas mentes tornaram praticamente impossível a comunicação e a reparação de problemas correntes, esse casamento está prestes a ruir. As pessoas dão por si constantemente em estado de alerta vermelho. Como estão sempre à espera de guerra, o casamento torna-se um verdadeiro tormento. O resultado mais que compreensível é o abandono da relação.
            Por vezes, os casais nesta fase final do casamento tentam ainda o aconselhamento. À superfície pode parecer que não há nada de muito errado. Eles não discutem, não aparentam sentir desprezo um pelo outro e também não fazem muro de silêncio. Na prática, eles não fazem quase nada. São capazes de falar calmamente e com algum distanciamento sobre a sua relação e os seus conflitos. Um terapeuta inexperiente poderá assumir facilmente que os seus problemas não são muito profundos. No entanto, o que se passa realmente é que um deles, ou os dois, já se desligaram emocionalmente do casamento.
            Algumas pessoas abandonam literalmente o casamento, divorciando-se. Outras fazem-no vivendo juntos vidas paralelas. Seja qual for o caminho seguido há quatro fases finais que assinalam o dobre a finados de uma relação.
           
            1. Você encara os seus problemas conjugais como sendo graves.
            2. O diálogo parece ser inútil. Você tenta resolver os problemas por si só.
            3. Começam a viver vidas paralelas.
            4. A solidão assenta arraias.
           
            Quando um casal atinge a última fase, um ou ambos os parceiros são capazes de iniciar um caso. Normalmente, um caso é sintoma de um casamento moribundo e não a sua causa. O fim desse casamento podia ter sido previsto muito antes de qualquer um dos membros do casal ter variado. Com demasiada frequência, os casais começam a procurar apoio para o seu casamento depois de terem entrado em águas agitadas. Os sinais de alarme quase sempre já estavam visíveis há mais tempo, tivessem eles sabido onde os procurar. Podemos ver as sementes do problema (1) nas palavras que o casal dirige um ao outro, (2) no insucesso das tentativas de reparação, (3) nas reacções fisiológicas (fervura) ou na constância dos pensamentos negativos sobre o casamento. Qualquer um destes sinais sugere separação emocional e, na maior parte dos casos, o divórcio pode ser uma questão de tempo.”

In Os 7 Princípios do Casamento, Gottman e Silver (1999)

      Este excerto foi transcrito de um livro muito interessante de Gottman onde o autor, um psicólogo especialista em terapia conjugal, oferece conselhos práticos para evitar os erros mais comuns que prejudicam uma relação conjugal. Para além disso, este autor propõe 7 princípios que considera serem essenciais para o fortalecimento do casamento. É, portanto, um livro indicado, não só, para quem está a pensar em casar ou viver junto e pretende evitar erros e mal-entendidos, mas também para aqueles que tem problemas no casamento mas que ainda querem lutar pela relação.

terça-feira, 9 de outubro de 2012


Na procura da nossa individualidade...III



“Voltar a sonhar...
Hoje acordo e sinto tudo diferente. A simples rotina de levantar, vestir e tomar o pequeno almoço têm um sabor agridoce.
Nunca pensei conseguir viver sozinha num espaço que foi partilhado a dois...é uma aprendizagem constante e desafiante. Tenho momentos que sinto que estou a retroceder na etapa do ciclo de vida, pois idealizei o casamento e os filhos como o passo seguinte a concretizar...
Quando olho no espelho tenho medo, sinto-me insegura e perdida nos vários caminhos que se cruzam...será que escolhi a melhor opção?
Dedico-me agora a integrar esta experiência na minha caixa íntima que esculpo ao meu ritmo. Fico surpreendida comigo própria porque estou a descobrir um lado que não sabia que existia e que me fascina. Sinto-me como um girassol quando surgem, ao amanhecer, os primeiros raios de sol e procura na luz o calor do conforto para sobreviver à imensidade humana.
Neste momento de crise penso: é só uma fase que estou a desbravar e a saborear na conquista da minha maturidade e individualidade.”




Joana Barros

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Infidelidade II




«O medo da perda e o medo do abandono fazem-nos agarrar com mais força à fidelidade. Numa cultura em que tudo é descartável, e em que a redução dos efectivos das empresas confirma até que ponto todos nós somos, de facto, substituíveis  a necessidade de nos sentirmos seguros na nossa relação principal é ainda maior. Quanto mais pequenos nos sentimos no mundo, tanto mais precisamos de brilhar aos olhos do nosso parceiro. Queremos saber que somos importantes, e que, pelo menos para uma pessoa, somo insubstituíveis. Ansiamos por nos sentirmos completos, por voar acima do cárcere da nossa solidão.
Talvez seja por isso que a nossa insistência na exclusividade sexual é absoluta. Como o amor sexual adulto reproduz momentaneamente essa forma de fusão inicial mais primitiva - a fusão dos corpos, o mamilo que enche completamente a nossa boca e nos deixa perfeitamente saciados -, a ideia de o nosso amado estar com outra pessoa é um cataclismo. Para nós, o sexo é a traição suprema.
Por isso, a monogamia é a vaca sagrada do ideal romântico, pois é o que assinala a nossa excepcionalidade: eu fui escolhido, os outros foram recusados. Quando viras as costas a outros amores, confirmas a minha unicidade; quando a tua mão ou a tua mente divagam, a minha importância é destruída  Por outro lado, se já não me sinto especial, são as minhas mãos e a minha mente que formigam de curiosidade  As pessoas desiludidas têm tendência para vaguear. Poderá outra pessoa restaurar o meu significado?»


(Esther Perel, 2006, Amor e Desejo na Relação Conjugal, p. 184)

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Mediação Familiar


 
Benefícios da mediação (versus processos litigiosos)

Como já foi referido anteriormente a mediação familiar é um método alternativo de resolução de conflitos. Define-se deste modo, visto ser uma opção diferente à via tradicional de resolução de litígios na nossa sociedade, os tribunais. Neste sentido, para que possam escolher qual a opção que melhor responde às vossas necessidades, importa conhecer as diferenças entre estes dois processos:

Processos litigiosos
Mediação
As partes são tratadas como adversários
As partes são estimuladas a procurar interesses mútuos
As questões são definidas pelos advogados recorrendo a termos legais
As partes explicam as questões pelas suas próprias palavras
Os advogados actuam como defensores do seu cliente
Os participantes falam e escutam-se um ao outro
As posições radicalizam-se, afastando ainda mais os casais
As diferenças são reduzidas, estabelecem-se pontes
Os processos são sujeitos a regras legais formais
Os processos são informais, confidenciais e flexíveis
Os processos duram normalmente muito tempo e sofrem atrasos
Os acordos podem ser atingidos rapidamente
As partes confiam nos seus advogados
Os participantes explicam as suas necessidades
A atenção está centrada em danos e ofensas do passado
A atenção está centrada na procura de soluções futuras
Os estados de conflito e tensão são prolongados
O conflito é resolvido e a tensão diminui
Dificuldade em considerar diferentes alternativas
Pondera todas as opções disponíveis
Os custos são elevados para os litigantes e para o Estado
Os custos legais podem ser reduzidos ou evitados
As decisões são impostas pela autoridade judicial
A tomada de decisão é participada (depende das partes)
As decisões impostas têm menos probabilidade de subsistirem
As decisões consensuais têm maiores probabilidades de perdurarem


Lisa Parkinson (2008). Mediação Familiar, p.19

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A relação da Noite e do Dia






Ela aprecia a lua, ele os banhos de piscina num ambiente quente.

Espantam-se com as diferenças. Odeiam as características que não entendem porque estranhas lhes parecem. Geram uma dinâmica "desafinada" entre eles: "Eu sou melhor", "eu tenho razão", "tu não fazes isto", "falta-te isto"... Escalam rumo a um cume sem fim, fazendo valer os seus pontos de vista, pois interessa ter razão, ganhar...

Porém, como em qualquer relação, há momentos nos quais um dos elementos (ou ambos) salta do seu ponto de vista mergulhando, assim, no mundo do outro. As descobertas são múltiplas e, no geral, surpreendentes.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Saudade...

Saudade é uma das palavras mais presentes na poesia de amor da língua portuguesa e também na música popular. "Saudade", só conhecida em galego “morriña” e português, descreve a mistura dos sentimentos de perda, falta, distância e amor.
 
Diz a lenda que o termo foi cunhado na época dos Descobrimentos portugueses,, quando esteve muito presente para definir a solidão dos portugueses numa terra estranha, longe de entes queridos. Define, pois, a melancolia causada pela lembrança; a mágoa que se sente pela ausência ou desaparecimento de pessoas, coisas, estados ou acções. Provém do latim "solitáte", solidão.
 
Uma visão mais especifista aponta que o termo saudade advém de solitude e saudar, onde quem sofre é o que fica à esperar o retorno de quem partiu, e não o indivíduo que se foi, o qual nutriria nostalgia. A gênese do vocábulo está directamente ligada à tradição marítima lusitana.
 
Pode-se sentir saudade de muita coisa:
  • de alguém falecido.
  • de alguém que amamos e está longe ou ausente.
  • de um amigo querido.
  • de alguém ou algo que não vemos há imenso tempo.
  • de alguém que não conversamos há muito tempo.
  • de sítios (lugares).
  • de alguém conhecido ou um colega.
  • de comida.
  • de situações.
  • de um amor.
  • do tempo que passou...
 
Que personagem pode representar melhor a saudade do que a Penélope, a esposa de Odiseo. Ela espera durante vinte anos o retorno do seu marido da Guerra de Troya, bordando e desmanchando ponto por ponto até a sua chegada. É por isto que é considerada como um símbolo de fidelidade conyugal até ao dia de hoje.

A expressão "matar a saudade" (ou "matar saudades") é usada para designar o desaparecimento (mesmo temporário) desse sentimento. É possível "matar a saudade" relembrando, vendo fotos ou vídeos antigos, conversando sobre o assunto, reencontrando a pessoa que estava longe etc. A saudade pode gerar sentimento de angustia, nostalgia e tristeza, e quando "matamos a saudade" geralmente sentimos alegria e conforto.
  
Saudade...que termo tão difícil de traduzir em outras línguas e que fácil de se sentir...quem não o sentiu se calhar...nunca viveu...




quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Infidelidade

 
«As pessoas são infiéis por inúmeras razões: amor contaminado, vingança, anseios por realizar, desejo puro e simples. Por vezes, uma relação extraconjugal é uma procura de intensidade, uma rebelião contra os limites impostos pelo casamento. A transgressão é um afrodisíaco e, por vezes, os segredos são uma fonte de autonomia, ou uma reacção violenta contra a falta de privacidade. O que pode ser mais excitante do que uma chamada telefónica murmurada na casa de banho? Por fim, a mãe atarefada e tensa pode voltar a sentir-se mulher; o seu amante não sabe nada acerca do Lego partido ou do canalizador que não apareceu pela segunda vez seguida.
Uma ligação ilícita pode ser catastrófica, mas também pode ser uma libertação, uma fonte de força, uma cura. Frequentemente, é todas estas coisas ao mesmo tempo. Quando a intimidade desapareceu, quando deixámos de conversar, quando há anos que já não somos tocados, estamos mais vulneráveis à gentileza de estranhos. Quando as crianças são pequenas e dependentes, a apreciação extraconjugal pode ser sentida como um tónico. Quando já são mais crescidas e saíram de casa, quem fica no ninho vazio pode procurar substituí-las noutro lado. Se a saúde nos falta, ou se a morte há pouco nos visitou, podem assaltar-nos explosões de insatisfação, um grito por algo melhor. Algumas aventuras extraconjugais são actos de resistência; outras acontecem quando não oferecemos qualquer resistência. A infidelidade pode ser o toque a rebate em defesa de um casamento, o alerta para uma necessidade urgente de lhe prestar atenção. Ou pode ser o toque a finados após o último suspiro de uma relação».

(Esther Perel, 2006, Amor e Desejo na Relação Conjugal, p.187)

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Na procura da nossa individualidade...II



“Que desafio...
Tomar uma decisão e escolher um caminho diferente em que possa construir uma nova realidade.
Deixar para trás todas as dúvidas e angústias: permaneço na relação ou termino; entrego-me ou não; fico ou luto; não consigo decidir...
Todos os minutos do dia são passados com ansiedade e incertezas...no trabalho e com a família estou sem disposição...parece que ninguém me compreende e sinto a crítica em todo o lado...
Tenho que escolher...sinto que já escolhi: finalmente! Que alivio quando fecho os olhos e penso: “sou eu que desenho os contornos da minha vida...”
Posso fazer diferente e ter novas oportunidades de escolha, não repetir o que não resultou antes e dedicar-me a desenhar uma nova imagem do presente...sinto que posso começar de novo ao integrar a minha experiência do passado numa caixa guardada no meu intimo...
Sei que vou ter um grande trabalho pela frente mas não me importo...estou surpreendida comigo própria, pois nunca pensei ter coragem de cortar para conseguir voltar a sonhar...”



                                                                                                                                         
                                                                                           Joana Barros
 
 
 
 
 
 
 
 













   

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Conflito Parental no Divórcio

O que um pai não deve fazer durante um divórcio


É comum pensar-se que o divórcio é um acontecimento negativo para todos os envolvidos, sobretudo para os filhos do casal. De facto, os estudos mostram que o divórcio pode ser considerado um dos acontecimentos mais traumáticos do ciclo de vida de um individuo, sendo este marco na vida familiar equiparado à morte de um familiar próximo. Contudo, a literatura tem demonstrado também que o factor que mais consistentemente determina as dificuldades de ajustamento dos filhos não é o divórcio ou a separação em si, mas sim o conflito parental. Os estudos mostram que as crianças expostas a situações de conflito parental têm maior risco de se confrontarem com dificuldades de ajustamento a curto, médio e longo prazo, nas mais variadas esferas das suas vidas, nomeadamente a nível fisiológico, comportamental, emocional, relacional e escolar. Ao nível fisiológico e comportamental podem ocorrer alterações nas dinâmicas do sono ou alimentação, havendo inclusive algumas crianças que regridem nos seus estádios de desenvolvimento. Para além disso, estas crianças parecem ficar mais vulneráveis fisicamente, referindo por diversas vezes sintomas como dores de estômago ou de cabeça, podendo ocorrer também maior externalização de problemas através de agressividade, tanto física como verbal, dificuldades de auto-controlo, desobediência, delinquência. No que diz respeito às questões emocionais podem surgir problemas como, por exemplo, depressão, culpa, tristeza, ansiedade, baixa auto-estima e auto-conceito, sendo que quanto maior a exposição ao conflito, mais emocionalmente inseguros se sentem os filhos. Ao nível relacional podem surgir dificuldades no relacionamento com os irmãos e mesmo com os pais, sendo que estes acabam por ver o seu funcionamento parental afectado, uma vez que o conflito pode colocar os pais numa posição menos disponível para os filhos, por exemplo, tornando-os mais permissivos e inconsistentes na sua educação. Acrescente-se que, a longo prazo, este contexto negativo influencia a percepção que os filhos têm das relações românticas e do casamento. Por fim, relativamente à questão escolar, o rendimento escolar destas crianças pode ser prejudicado, bem como podem ocorrer alterações do comportamento em sala de aula, face aos pares e até mesmo aos professores. Resumindo, pode-se afirmar convictamente que o conflito parental cria um contexto familiar stressante que afecta negativamente o desenvolvimento integral e saudável dos filhos.


Para se informar sobre como se separar sem prejudicar os seus filhos, sugerimos que a leitura do seguinte manual: “Separação do casal – Guia para enfrentá-la sem prejudicar os filhos” da autoria de José Aguilar, publicado pela Associação Portuguesa para a Igualdade Parental e Defesa dos Direitos dos Filhos (disponível online).

Bibliografia:

Davies, P. & Cummings, E. (1994). Marital Conflict and Child Adjustment: an emotional security hypothesis. Psychological Bulletin, 116 (3), p.387-411.

Moura, O. & Matos, P. (2008). Vinculação aos pais, divorcio e conflito interparental em adolescentes. Psicologia, Vol. XII (1), p. 127-152.

Pinto, H. & Pereira, M. (2005). Separação e Divórcio: um olhar feminino. Coimbra: Quarteto.

Raposo, H. E., et al (2011). Ajustamento da criança à separação ou divórcio dos pais. Revista de Psiquiatria Clínica, 38 (1), 29-33.

Shaw, D. (1991). The Effects of Divorce on Children´s Adjustment: Review and Implications. Behavior Modification, 15(4), 456- 585.

                                

sábado, 11 de agosto de 2012

Diga "sim" à sua caixa negra


Desde cedo aprendemos que determinados comportamentos são errados ou pouco desejáveis. Aprendemos, e até ensinamos aos descendentes, que mentir, ter inveja, sentir raiva ou ódio por alguém, fazer birras… são comportamentos, sentimentos e atitudes a corrigir ou a punir.

Morte a tais atributos?! E o que nos vai restar? As características socialmente aceites e valorizadas. Pois muito bem, seremos quase perfeitos. Guardaremos todos os “excedentes” numa caixa, algures no nosso corpo e, de preferência, nem falaremos dela a ninguém e fazemos de conta que não existe.

Hum… sentimos o peso… a caixa pesa… o conteúdo sai de outras formas… que chatice…

Reduzimos a possibilidade de ver de outros prismas, sentir, pensar e experimentar noutros ângulos.

Vamos procurar a caixa? Dar-lhe um nome? Sim. É negra e precisamos dela – caixa negra!

Na fotossíntese as plantas também necessitam do dióxido de carbono, tem uma função primordial para a posterior libertação de oxigénio.

Vamos sentir inveja? Sim, por favor! Mais do que humano pode ser conotada positivamente. Como dizia Rui Zink na sua obra Luto Pela Felicidade dos Portugueses, não senti-la poderá remeter-nos para a irritante autossuficiência e o mais penoso autismo, “se a inveja é ver os outros, não ter inveja é não ver os outros (Rui Zink).

E, já agora… deixe sair uma birra de vez em quando. Ou, simplesmente, descodifique aquela sensação no estômago, sim, aquele nó…
Ruben Santos

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Na procura da nossa individualidade....

“Crescemos, vivemos e tornamo-nos pessoas num mundo cheio de adversidades e imprevistos...
Mergulhamos na aventura da paixão e encontramos o outro...sonhamos, cedemos e partilhamos...
“Afinal não era bem isto que queria!” penso...olho-me ao espelho e sinto a tristeza e angústia no meu olhar...
O outro já não me vê como antes, algo mudou, mas o quê? Sou eu que estou diferente? Será que já não o atraio e deixou de gostar de mim...ou será que o meu olhar é que o vê diferente e afinal sou eu quem deixa de amar...
As incertezas assaltam o meu pensamento, não consigo parar de pensar...estou exausta...Preciso de respirar e organizar as minhas ideias, ouvir-me a mim própria...
Qual o problema se deixei de amar ou de ser amada?
A pressão da família, amigos e do trabalho sempre a reforçar o mito da felicidade quando passamos a ser dois...como se estar só fosse sinónimo de solidão...
Encontrar o meu eu e conhecer-me, aceitar o que tenho no aqui e agora...um caminho a percorrer repleto de emoções e novas descobertas...que desafio!”




Joana Barros

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Quando 2 passam a 3...

“Queremos muito ter um filho!”, “ sempre sonhamos com este momento...”, mas quando dois passam a três, as fantasias e sonhos anteriores confrontam-se com a realidade e esta nem sempre se coaduna com o espirito mágico idealizado pelo casal.
A chegada de um filho no seio do casal, ainda que premeditada e desejada, promove uma alteração na estrutura e dinâmica familiar. Inicia-se uma nova etapa do ciclo vital familiar, gerando-se um desafio para o casal ao nível da coexistência da sua conjugalidade e da parentalidade, bem como face à sua relação com as próprias familias de origem (filhos que agora também são pais; pais que também são avós) e à influência destas na nova dinâmica familiar do casal (apoio e respeito pelas opções parentais do jovem casal vs intromissão, julgamento, etc.).
Estas mudanças iniciam-se com a gestação e vão tomando rumos diferentes: o que era antes um investimento de um para o outro no casal, passa a ser um investimento num ser que aos poucos “cresce na barriga”, assumindo assim a relação conjugal um novo enfoque, que para alguns traduz-se numa maior proximidade, união e intimidade, com partilhas das expetativas face ao novo membro da familia e do próprio futuro funcionamento do casal como casal e como pais., assumindo-se como uma época de solidificação da relação e até de novo enamoramento. Para outros esta fase é vivenciada com grande tensão, pautando-se por conflitos e afastamento relacional, podendo em decorrência disto, as relações conjugais ficar deterioradas principalmente nos aspectos da sexualidade e intimidade conjugal, gerando sentimentos de frustração e distanciamento do e para com o outro, aliadas a diferentes vivências da conjugalidade e parentalidade iminente.
A forma como cada casal vivencia esta fase depende em muito do anterior relacionamento conjugal, da sua capacidade de comunicação, da cooperação e coesão, da partilha de medos e emoções, da clarificação e ajustamento de expectativas, definindo-se limites e papéis, tendo em vista a continua evolução da família. Aqui a terapia poderá assumir um papel fundamental coadjuvando na busca de soluções e recursos para cada momento experienciado.
Ao longo de todo este processo é de grande importância o casal não se perder de vista: tempos a dois, momentos de intimidade, de partilha e comunicação, de namoro e sexualidade são essenciais para a sobrevivência do casal enquanto casal e para consolidar o seu papel parental.
O reequilibrio da relação conjugal e a chegada do novo ser, fruto desta relação contribuirá para uma nova dinâmica na família e poderá ser fonte de grande felicidade, alegria e beleza! Como em qualquer mudança, surgirão transformações e novas realidades criadas, tendo nestas o casal uma fase tão gratificante quanto conseguir aproveitar a oportunidade única de crescimento pessoal, conjugal e familiar, preparando-se assim para outros momentos do seu ciclo vital.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

... Em psicoterapia...


 



«Estou a atar os sapatos, contente, a assobiar, e de repente a infelicidade. Mas desta vez apanhei-te, angustia, senti-te antes de qualquer organização mental, no primeiro instante da negação. Como uma cor cinzenta que fosse uma dor e fosse o estômago. E quase simultaneamente (mas depois, desta vez não me enganas) abriu caminho em direcção ao repertório inteligível, a uma idéia explicativa: "E agora toca a viver outro dia, etc." De onde se evolui para: "Estou angustiado porque... etc."
As ideias à vela, impulsionadas pelo vento primordial que sopra a partir de baixo (ainda que de baixo seja apenas uma localização física). Basta uma mudança de vento (mas o que é que será que o muda de quadrante?), e aí estão as pequenas embarcações todas contentes com as suas velas às cores. "Afinal de contas, não há razões para nos queixarmos", uma frase desse género.»

                

                         In "O Jogo Do Mundo" (Rayuela), Julio Cortázar

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Adolescência e Família


A adolescência é uma transição no ciclo de vida que marca a transformação da infância para o mundo das responsabilidades e direitos adultos. A adolescência é portanto um grande desafio individual, familiar e social.

É um desafio familiar porque as mudanças que o adolescente experimenta são mudanças em todo o sistema familiar. A família tem de transformar-se no seu conjunto: as normas, as rotinas, os papéis de autoridade e decisão, a distancia emocional e o afecto físico, a distribuição do tempo e do espaço na casa...

As dificuldades expectáveis da transição do ciclo de vida podem, em algumas situações, converter-se  num problema que paralisa a vida familiar e o desenvolvimento afectivo, psicológico e social dos menores. Este risco provem do facto de muitas das atitudes e estratégias que funcionavam bem com as crianças já não servem quando estas são adolescentes. Assim os pais vêem-se obrigados a ter novas atitudes e estratégias, uma exigência que não é fácil e que pede criatividade e energia, o que, por vezes, colide com a rotina dos pais e de toda a família.

A intervenção terapêutica parte de uma ideia simples: ajudar todo o sistema familiar a fazer os ajustamentos adequados, a reparar os problemas que estancaram e bloquearam o seu desenvolvimento e promover o bem-estar de todo o sistema familiar.



Texto:

Adolescentes y famílias en conflicto.
Terapia familiar centrada en la alianza terapeútica.
Manual de tratamiento.


Autores: Fundación Meniños, Unidad de Investigación en la Intervención y Cuidado Familiar de la Universidad da Coruña y la Universidad da Coruña.


sexta-feira, 6 de julho de 2012

A importância do tocar

(Pina Prata, 2004: Terapia Sistémica de Casal. Respigando Ideias e Experiências, p.27)

"Recordo-vos que os sensores da pele nos permitem sentir o calor e o frio, a pressão exercida ou recebida, os movimentos de deslocação. A qualidade do tocar o corpo de outrem, quer no simples aperto social de mãos quer na caminhada para a intimidade da sexualidade amorosa, como a da conjugalidade, é reveladora da natureza da qualidade inter-relacional.
Não imaginamos o que seria ficarmos incapacitados desta possibilidade de expressão do «corpo da alma».
Um casal que não se toca é um casal afectivamente morto: o seu harmónio emocional paralisou, na distância de uma abertura sem música.
Mas há tocar e tocar. Também se «toca» o corpo pela palavra. Há uma vibração amorosa que, mesmo na distância física, que as circunstâncias podem impor ao casal, faz com que a palavra se torne linguagem do corpo da alma (...)."

terça-feira, 3 de julho de 2012

180 Terapias Acores no Nordeste


No passado dia 16 de Junho, a convite da Dra. Cristina Gaspar, tivemos o prazer de estar presentes na inauguração da Clínica Médica Cristina Gaspar, localizada no centro da Vila do Nordeste. Esta clínica pretende ser um espaço onde técnicos de várias áreas podem exercer as suas práticas profissionais, proporcionando assim um leque variado de respostas na área da Saúde aos Nordestenses. O 180 Terapias Acores faz também parte desta iniciativa e foi com muito orgulho e agradecimento que vimos o nosso grupo representado na placa informativa colocada no interior da Cliníca.


  180 Terapias Açores