segunda-feira, 30 de julho de 2012

Quando 2 passam a 3...

“Queremos muito ter um filho!”, “ sempre sonhamos com este momento...”, mas quando dois passam a três, as fantasias e sonhos anteriores confrontam-se com a realidade e esta nem sempre se coaduna com o espirito mágico idealizado pelo casal.
A chegada de um filho no seio do casal, ainda que premeditada e desejada, promove uma alteração na estrutura e dinâmica familiar. Inicia-se uma nova etapa do ciclo vital familiar, gerando-se um desafio para o casal ao nível da coexistência da sua conjugalidade e da parentalidade, bem como face à sua relação com as próprias familias de origem (filhos que agora também são pais; pais que também são avós) e à influência destas na nova dinâmica familiar do casal (apoio e respeito pelas opções parentais do jovem casal vs intromissão, julgamento, etc.).
Estas mudanças iniciam-se com a gestação e vão tomando rumos diferentes: o que era antes um investimento de um para o outro no casal, passa a ser um investimento num ser que aos poucos “cresce na barriga”, assumindo assim a relação conjugal um novo enfoque, que para alguns traduz-se numa maior proximidade, união e intimidade, com partilhas das expetativas face ao novo membro da familia e do próprio futuro funcionamento do casal como casal e como pais., assumindo-se como uma época de solidificação da relação e até de novo enamoramento. Para outros esta fase é vivenciada com grande tensão, pautando-se por conflitos e afastamento relacional, podendo em decorrência disto, as relações conjugais ficar deterioradas principalmente nos aspectos da sexualidade e intimidade conjugal, gerando sentimentos de frustração e distanciamento do e para com o outro, aliadas a diferentes vivências da conjugalidade e parentalidade iminente.
A forma como cada casal vivencia esta fase depende em muito do anterior relacionamento conjugal, da sua capacidade de comunicação, da cooperação e coesão, da partilha de medos e emoções, da clarificação e ajustamento de expectativas, definindo-se limites e papéis, tendo em vista a continua evolução da família. Aqui a terapia poderá assumir um papel fundamental coadjuvando na busca de soluções e recursos para cada momento experienciado.
Ao longo de todo este processo é de grande importância o casal não se perder de vista: tempos a dois, momentos de intimidade, de partilha e comunicação, de namoro e sexualidade são essenciais para a sobrevivência do casal enquanto casal e para consolidar o seu papel parental.
O reequilibrio da relação conjugal e a chegada do novo ser, fruto desta relação contribuirá para uma nova dinâmica na família e poderá ser fonte de grande felicidade, alegria e beleza! Como em qualquer mudança, surgirão transformações e novas realidades criadas, tendo nestas o casal uma fase tão gratificante quanto conseguir aproveitar a oportunidade única de crescimento pessoal, conjugal e familiar, preparando-se assim para outros momentos do seu ciclo vital.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

... Em psicoterapia...


 



«Estou a atar os sapatos, contente, a assobiar, e de repente a infelicidade. Mas desta vez apanhei-te, angustia, senti-te antes de qualquer organização mental, no primeiro instante da negação. Como uma cor cinzenta que fosse uma dor e fosse o estômago. E quase simultaneamente (mas depois, desta vez não me enganas) abriu caminho em direcção ao repertório inteligível, a uma idéia explicativa: "E agora toca a viver outro dia, etc." De onde se evolui para: "Estou angustiado porque... etc."
As ideias à vela, impulsionadas pelo vento primordial que sopra a partir de baixo (ainda que de baixo seja apenas uma localização física). Basta uma mudança de vento (mas o que é que será que o muda de quadrante?), e aí estão as pequenas embarcações todas contentes com as suas velas às cores. "Afinal de contas, não há razões para nos queixarmos", uma frase desse género.»

                

                         In "O Jogo Do Mundo" (Rayuela), Julio Cortázar

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Adolescência e Família


A adolescência é uma transição no ciclo de vida que marca a transformação da infância para o mundo das responsabilidades e direitos adultos. A adolescência é portanto um grande desafio individual, familiar e social.

É um desafio familiar porque as mudanças que o adolescente experimenta são mudanças em todo o sistema familiar. A família tem de transformar-se no seu conjunto: as normas, as rotinas, os papéis de autoridade e decisão, a distancia emocional e o afecto físico, a distribuição do tempo e do espaço na casa...

As dificuldades expectáveis da transição do ciclo de vida podem, em algumas situações, converter-se  num problema que paralisa a vida familiar e o desenvolvimento afectivo, psicológico e social dos menores. Este risco provem do facto de muitas das atitudes e estratégias que funcionavam bem com as crianças já não servem quando estas são adolescentes. Assim os pais vêem-se obrigados a ter novas atitudes e estratégias, uma exigência que não é fácil e que pede criatividade e energia, o que, por vezes, colide com a rotina dos pais e de toda a família.

A intervenção terapêutica parte de uma ideia simples: ajudar todo o sistema familiar a fazer os ajustamentos adequados, a reparar os problemas que estancaram e bloquearam o seu desenvolvimento e promover o bem-estar de todo o sistema familiar.



Texto:

Adolescentes y famílias en conflicto.
Terapia familiar centrada en la alianza terapeútica.
Manual de tratamiento.


Autores: Fundación Meniños, Unidad de Investigación en la Intervención y Cuidado Familiar de la Universidad da Coruña y la Universidad da Coruña.


sexta-feira, 6 de julho de 2012

A importância do tocar

(Pina Prata, 2004: Terapia Sistémica de Casal. Respigando Ideias e Experiências, p.27)

"Recordo-vos que os sensores da pele nos permitem sentir o calor e o frio, a pressão exercida ou recebida, os movimentos de deslocação. A qualidade do tocar o corpo de outrem, quer no simples aperto social de mãos quer na caminhada para a intimidade da sexualidade amorosa, como a da conjugalidade, é reveladora da natureza da qualidade inter-relacional.
Não imaginamos o que seria ficarmos incapacitados desta possibilidade de expressão do «corpo da alma».
Um casal que não se toca é um casal afectivamente morto: o seu harmónio emocional paralisou, na distância de uma abertura sem música.
Mas há tocar e tocar. Também se «toca» o corpo pela palavra. Há uma vibração amorosa que, mesmo na distância física, que as circunstâncias podem impor ao casal, faz com que a palavra se torne linguagem do corpo da alma (...)."

terça-feira, 3 de julho de 2012

180 Terapias Acores no Nordeste


No passado dia 16 de Junho, a convite da Dra. Cristina Gaspar, tivemos o prazer de estar presentes na inauguração da Clínica Médica Cristina Gaspar, localizada no centro da Vila do Nordeste. Esta clínica pretende ser um espaço onde técnicos de várias áreas podem exercer as suas práticas profissionais, proporcionando assim um leque variado de respostas na área da Saúde aos Nordestenses. O 180 Terapias Acores faz também parte desta iniciativa e foi com muito orgulho e agradecimento que vimos o nosso grupo representado na placa informativa colocada no interior da Cliníca.


  180 Terapias Açores