quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Procura um Amante!

Procura um Amante!

“Muitas pessoas têm um amante e outras gostariam de o ter. Também há aquelas que não o têm ou as que o tiveram e o perderam…são geralmente estas últimas as que aparecem no consultório a queixarem-se que estão tristes ou que sofrem outros sintomas como insónia, pessimismo, falta de vontade, crises de choro…
Descrevem as suas vidas de forma monótona, sempre com as mesmas rotinas, que trabalham sem prazer somente para receber o ordenado ao final do mês e que não sabem como ocupar o seu tempo livre…enfim sentem-se desesperadas! Acabam mesmo por recorrer a médicos, psiquiatras, psicólogos e, em situações de maior angústia, bruxas e videntes…chegam mesmo a tomar medicação, muitas vezes desajustada à sua sintomatologia, recebendo como prémio de consolação o rótulo de “Depressão”.
Pois bem, o que estas pessoas precisam (e todos nós) é de um Amante! Passo a explicar: um Amante é o que nos apaixona! O que ocupa o nosso pensamento antes de dormir e que, também, às vezes não nos deixa dormir. O Amante é aquele que nos confere sentido e motivação à vida.
 Às vezes encontramos o nosso Amante no nosso companheiro ou noutras pessoas significativas. Também podemos encontrar na literatura, na música, no desporto, na amizade, na comida, no prazer em fazer o nosso hobby…enfim, um Amante é “alguém” ou “algo” que nos põe “a namorar com a vida” e que nos afasta do triste destino de “durar”.
O que significa “Durar”? Durar é ter medo de viver. É viver a vida dos outros, é deixar-se levar pela pressão, é deambular pelos consultórios médicos, é olhar com decepção ao espelho a nova ruga que nos apareceu, é preocupar-nos com o frio, a chuva, a humidade, o calor. “Durar” é adiar a possibilidade de desfrutar o momento no aqui e no agora, angustiando por algo que gostaríamos de ter ou de ser…
Por favor, procura um Amante, sê o Amante e protagonista da tua vida…pensa que o trágico não é morrer, pois a morte tem boa memória e nunca se esquece de nada…
O trágico é não animar-se a viver…sem mais dúvidas procura um Amante!
Para estar contente, activo e sentir-se feliz há que estar noivo com a vida.”
  
Adaptado de Jorge Bucay “Hay que tener un amante”







segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Os avós e o divórcio


“O comportamento dos avós perante o divórcio varia muito. Umas vezes distanciam-se por completo do conflito e, mesmo em relação aos netos, adoptam uma atitude de afastamento. É provável que as emoções desencadeadas pela ruptura sejam de difícil manejo, ou que a opção de não tomar partido seja usada para não agravar divergências. Os netos compreendem mal a distância, porque a presença dos avós oferece alguma estabilidade que os pode tranquilizar, num momento em que sentem a iminência da saída de casa de um dos progenitores. Noutros casos, o comportamento é diferente: os avós tornam-se uma espécie de guardas dos netos, vigiando e criticando os pais em ruptura, com o argumento de que se torna crucial defender as crianças dos conflitos.“

A razão dos avós, Daniel Sampaio, 2008


Acrescentaria ainda as situações em que os avós aliam-se a um dos progenitores, normalmente o próprio filho, contra o outro progenitor. O perigo ocorre quando estes avós envolvem os netos no conflito entre os pais, conflito este que agora passa a ser familiar. Ter uma criança que convive com avós que falam mal do progenitor com quem não vive, que impossibilitam ou dificultam os contactos do neto com esse progenitor, é tão grave como ter um progenitor a assumir este papel. Envolver os netos nesta guerra implica claramente uma perturbação no seu bem-estar emocional.

Por outro lado, existem divórcios em que um dos progenitores impede o contato do filho com os avós, normalmente os pais do outro progenitor, situação que também pode afetar negativamente as crianças, sobretudo as que até então conviviam frequentemente com os referidos avós. Neste âmbito tem sido muito discutida a possibilidade de se criar um direito de visitas para os avós, havendo já alterações legislativas noutros países, como o Brasil, que consagram este direito. Na legislação portuguesa existe um artigo que defende o convívio com irmãos e ascendentes (art. 1887-A, Código Civil), onde se podem incluir os avós. Em Portugal, este tem sido um problema cada vez mais recorrente, existindo já decisões judiciais defendem a importância dos convívios entre avós e netos, caso não haja nenhum impedimento justificativo.

Os avós são elementos essenciais na vida familiar das crianças e numa situação de divórcio devem mostrar-se disponíveis e manter-se o mais neutros possíveis, sobretudo no que diz respeito aos netos.

                Carolina Teves