quinta-feira, 4 de abril de 2013

Casos práticos de Mediação Familiar (Exemplo I)

No dia em que ocorre o nosso evento “O que é a mediação Familiar?” impõe-se a vontade de falar sobre este tema!

A MF é um método alternativo de resolução de conflitos, por outras palavras, é um recurso para as famílias que estão a lidar com algum tipo de conflito familiar, seja ele relacionado com a separação divórcio, com questões monetárias, por exemplo, heranças ou até relacionado com decisões sobre quem fica encarregue da prestação de cuidados a idosos ou familiares incapacitados.

A maioria das situações que chegam à mediação familiar referem-se a situações associadas a separação ou divórcio, não fosse esta uma etapa recheada de incertezas, dúvidas, avanços, retrocessos, mas acima de tudo, decisões a tomar. Quando a tudo isto juntamos a turbulência de emoções e sentimentos contraditórios por que o casal passa, temos um contexto ideal para o aparecimento de inúmeros desentendimentos e conflitos familiares.

Atendendo a que a separação/divórcio são acontecimentos comuns nos dias de hoje, decidimos partilhar convosco um exemplo do que pode acontecer num caso de mediação familiar nessa situação, referindo também as dificuldades que poderiam surgir numa primeira sessão de mediação.


Exemplo I
Informação prévia prestada nos formulários de orientação
Mulher – Cristina, 34 anos   secretária (a tempo parcial)
Marido – António, 38 anos   gestor de marketing
Filhos – Rebeca, 11 anos
              Sofia, 9 anos
              Mateus, 6 anos

Cristina e António estiveram casados doze anos. Separaram-se há um mês. Cristina continua a viver no apartamento familiar com as crianças. António deixou o lar há um mês e está a viver num apartamento alugado com a companheira Célia. O apartamento familiar está em nome dos dois e António ainda está a pagar uma hipoteca. Nem um nem outro possuem reservas ou outros bens significativos.

Razões para  recorrerem à mediação: António escreveu no seu formulário de orientação: “É cada vez mais difícil discutir assuntos económicos e sobre os filhos sem que os nossos sentimentos interfiram.”
Por seu lado, Cristina escreveu no seu formulário: “Preciso saber qual é a minha situação financeira. As crianças estão perturbadas e aborrecidas por verem o pai ir e vir”.
Ambos dizem quem não têm a certeza de como resolver as coisas porque é difícil falarem. Os problemas que eles pretendem analisar incluem soluções para os filhos. Nomeadamente, a relação do António com os filhos, pois tem tendência para ir e vir continuamente, e os filhos não sabem quando o voltarão a ver.


Dificuldades na primeira reunião:

  1. A irritação e a aflição de Cristina, Sente-se muito abandonada por António e não tem a certeza de querer colaborar com ele depois da maneira como ele a abandonou a ela e aos filhos. Ela tem também a preocupação de poder não ser capaz de sobreviver financeiramente.
  2. A zanga, os sentimentos de culpa e de perda de António, que acusa a Cristina por alguns dos problemas que levaram à ruptura do casamento. Receia que ela vire os filhos contra ele, por isso tem uma posição defensiva e acusa Cristina
  3. Discussão sobre as crianças. Cada um dos pais tem uma perspectiva diferente.
  4. Célia, a companheira de António. A emoção aumenta sempre que o seu nome é mencionado.
  5. Confusão financeira e ansiedade sobre o pagamento das contas.
  6. Cada um dos parceiros está profundamente descontente sobre o que se passou entre eles. As opiniões sobre quem é o grande responsável estão misturadas com as preocupações sobre as crianças e os receios sobre o seu futuro.


Exemplo retirado do livro Mediação Familiar, Lisa Parkinson, 2008.
 

                                                                                                                      Final 1ª parte …

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