sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Infidelidade II




«O medo da perda e o medo do abandono fazem-nos agarrar com mais força à fidelidade. Numa cultura em que tudo é descartável, e em que a redução dos efectivos das empresas confirma até que ponto todos nós somos, de facto, substituíveis  a necessidade de nos sentirmos seguros na nossa relação principal é ainda maior. Quanto mais pequenos nos sentimos no mundo, tanto mais precisamos de brilhar aos olhos do nosso parceiro. Queremos saber que somos importantes, e que, pelo menos para uma pessoa, somo insubstituíveis. Ansiamos por nos sentirmos completos, por voar acima do cárcere da nossa solidão.
Talvez seja por isso que a nossa insistência na exclusividade sexual é absoluta. Como o amor sexual adulto reproduz momentaneamente essa forma de fusão inicial mais primitiva - a fusão dos corpos, o mamilo que enche completamente a nossa boca e nos deixa perfeitamente saciados -, a ideia de o nosso amado estar com outra pessoa é um cataclismo. Para nós, o sexo é a traição suprema.
Por isso, a monogamia é a vaca sagrada do ideal romântico, pois é o que assinala a nossa excepcionalidade: eu fui escolhido, os outros foram recusados. Quando viras as costas a outros amores, confirmas a minha unicidade; quando a tua mão ou a tua mente divagam, a minha importância é destruída  Por outro lado, se já não me sinto especial, são as minhas mãos e a minha mente que formigam de curiosidade  As pessoas desiludidas têm tendência para vaguear. Poderá outra pessoa restaurar o meu significado?»


(Esther Perel, 2006, Amor e Desejo na Relação Conjugal, p. 184)

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Mediação Familiar


 
Benefícios da mediação (versus processos litigiosos)

Como já foi referido anteriormente a mediação familiar é um método alternativo de resolução de conflitos. Define-se deste modo, visto ser uma opção diferente à via tradicional de resolução de litígios na nossa sociedade, os tribunais. Neste sentido, para que possam escolher qual a opção que melhor responde às vossas necessidades, importa conhecer as diferenças entre estes dois processos:

Processos litigiosos
Mediação
As partes são tratadas como adversários
As partes são estimuladas a procurar interesses mútuos
As questões são definidas pelos advogados recorrendo a termos legais
As partes explicam as questões pelas suas próprias palavras
Os advogados actuam como defensores do seu cliente
Os participantes falam e escutam-se um ao outro
As posições radicalizam-se, afastando ainda mais os casais
As diferenças são reduzidas, estabelecem-se pontes
Os processos são sujeitos a regras legais formais
Os processos são informais, confidenciais e flexíveis
Os processos duram normalmente muito tempo e sofrem atrasos
Os acordos podem ser atingidos rapidamente
As partes confiam nos seus advogados
Os participantes explicam as suas necessidades
A atenção está centrada em danos e ofensas do passado
A atenção está centrada na procura de soluções futuras
Os estados de conflito e tensão são prolongados
O conflito é resolvido e a tensão diminui
Dificuldade em considerar diferentes alternativas
Pondera todas as opções disponíveis
Os custos são elevados para os litigantes e para o Estado
Os custos legais podem ser reduzidos ou evitados
As decisões são impostas pela autoridade judicial
A tomada de decisão é participada (depende das partes)
As decisões impostas têm menos probabilidade de subsistirem
As decisões consensuais têm maiores probabilidades de perdurarem


Lisa Parkinson (2008). Mediação Familiar, p.19

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A relação da Noite e do Dia






Ela aprecia a lua, ele os banhos de piscina num ambiente quente.

Espantam-se com as diferenças. Odeiam as características que não entendem porque estranhas lhes parecem. Geram uma dinâmica "desafinada" entre eles: "Eu sou melhor", "eu tenho razão", "tu não fazes isto", "falta-te isto"... Escalam rumo a um cume sem fim, fazendo valer os seus pontos de vista, pois interessa ter razão, ganhar...

Porém, como em qualquer relação, há momentos nos quais um dos elementos (ou ambos) salta do seu ponto de vista mergulhando, assim, no mundo do outro. As descobertas são múltiplas e, no geral, surpreendentes.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Saudade...

Saudade é uma das palavras mais presentes na poesia de amor da língua portuguesa e também na música popular. "Saudade", só conhecida em galego “morriña” e português, descreve a mistura dos sentimentos de perda, falta, distância e amor.
 
Diz a lenda que o termo foi cunhado na época dos Descobrimentos portugueses,, quando esteve muito presente para definir a solidão dos portugueses numa terra estranha, longe de entes queridos. Define, pois, a melancolia causada pela lembrança; a mágoa que se sente pela ausência ou desaparecimento de pessoas, coisas, estados ou acções. Provém do latim "solitáte", solidão.
 
Uma visão mais especifista aponta que o termo saudade advém de solitude e saudar, onde quem sofre é o que fica à esperar o retorno de quem partiu, e não o indivíduo que se foi, o qual nutriria nostalgia. A gênese do vocábulo está directamente ligada à tradição marítima lusitana.
 
Pode-se sentir saudade de muita coisa:
  • de alguém falecido.
  • de alguém que amamos e está longe ou ausente.
  • de um amigo querido.
  • de alguém ou algo que não vemos há imenso tempo.
  • de alguém que não conversamos há muito tempo.
  • de sítios (lugares).
  • de alguém conhecido ou um colega.
  • de comida.
  • de situações.
  • de um amor.
  • do tempo que passou...
 
Que personagem pode representar melhor a saudade do que a Penélope, a esposa de Odiseo. Ela espera durante vinte anos o retorno do seu marido da Guerra de Troya, bordando e desmanchando ponto por ponto até a sua chegada. É por isto que é considerada como um símbolo de fidelidade conyugal até ao dia de hoje.

A expressão "matar a saudade" (ou "matar saudades") é usada para designar o desaparecimento (mesmo temporário) desse sentimento. É possível "matar a saudade" relembrando, vendo fotos ou vídeos antigos, conversando sobre o assunto, reencontrando a pessoa que estava longe etc. A saudade pode gerar sentimento de angustia, nostalgia e tristeza, e quando "matamos a saudade" geralmente sentimos alegria e conforto.
  
Saudade...que termo tão difícil de traduzir em outras línguas e que fácil de se sentir...quem não o sentiu se calhar...nunca viveu...