segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013


“Era uma vez...uma família reconstituída”


Quem não se lembra dos contos da nossa infância em que as personagens principais eram a Branca de Neve e a Gata Borralheira? O que ambas têm em comum? Duas personagens femininas bonitas e indefesas, qualidades que aliciam o Principe Encantado a salvá-las no seu cavalo branco das garras da Bruxa Má que, por sua vez, é descrita como a madrasta invejosa e traiçoeira...
Pois bem, se formos a pensar melhor nesta imagem da Madrasta porque é que tem que ser má e ainda por cima transformar-se em bruxa velha com uma verruga no nariz, se a única coisa que fez foi ter-se casado com o pai da personagem principal? Até nos contos de encantar surgem situações em que um dos progenitores fica viúvo ou se separa, casando-se e formando uma nova família...
Passando do mundo da fantasia para a realidade desde sempre existiram as chamadas Famílias Reconstituídas em que encontramos uma mulher com filhos que se casa com um homem sem filhos, ou vice-versa, ou uma mulher com filhos que se casa com um homem também com filhos. Nesta nova família podem nascer mais crianças filhas de ambos, formando uma fratria composta pelos “meus, os teus e os nossos”. Como se reunissemos, numa mesma casa, diferentes pessoas que têm em comum uma “mochila” individual de princípios e valores em que o principal desafio é partilharem e integrarem estas suas histórias.
Há um luto que tem que ser realizado – pelo progenitor desaparecido – e há uma aceitação que tem que ser feita – relativamente aos elementos que entram de novo. Cabe à madrasta/padrasto promover e incentivar essa aceitação, não assumindo o papel do progenitor ausente.
Se os adultos deixarem e os filhos quiserem é possível continuar a ter os dois pais mesmo que só se viva com um deles e, possivelmente, com um padrasto ou uma madrasta. O que é importante é que os filhos possam fazer o luto pela família passada e que preservem uma imagem positiva de ambos os pais e que possam ficar tranquilos relativamente à disponibilidade e acessibilidade de cada uma dessas figuras.
Aos adultos compete desmistificar a imagem da madrasta/padrasto que vem nos contos de encantar...e sim repensar este novo papel como um desafio para formar uma nova família. Além disso, também podem pensar na nova relação como outra oportunidade, não só pelo lado emocional e afectivo de se voltarem a apaixonar, mas também de repensar o que gostariam de fazer e de receber de diferente neste relacionamento.


Joana Barros
Adaptado de Madalena Alarcão, (des) Equilíbrios Familiares




quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Mediação Familiar

Apresentamos o nosso panfleto sobre a Mediação Familiar.
 
Ao consultá-lo poderão saber em que consiste esta área, em que situações podem recorrer à mediação, quais as vantagens desta abordagem, as fases do processo de mediação e quanto custa.
Estamos inteiramente disponíveis para fornecer mais informações ou esclarecer de dúvidas.
 
Inclusivamente dentro de uns dias temos uma novidade para quem se interessa por este tema ...
 



terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

E então, por que me quiseste ver? Eram só saudades?


Há algumas semanas atrás...

 

- E então, por que me quiseste ver? Eram só saudades? (sorri)

- Está a chegar a altura de os terapeutas me ligarem para saber se eu estou bem ou se quero voltar às sessões...

- E tu, que achas?

- Ainda não sei bem. Queria falar contigo primeiro...

- Ai sim? Então e porquê? Estás com dúvidas?

- Não, não é isso... Eu vou responder que está tudo bem e que não preciso de lá voltar!

- Se vais responder isso é porque já decidiste… Não estou a perceber o que faço eu aqui!

- Gostava de saber o que achas!

- O que eu acho… ora bem, neste momento acho que tu achas que não precisas de lá voltar! Mas penso que tu não tens a certeza que realmente não precises…

- Eu nunca tenho certeza de nada Fritz… Por isso te chamei!

- Diz-me, tu sentes falta das sessões?

- Em parte, sim!

- E qual parte é que sim?

- A parte em que ele me confrontava, me questionava, me mostrava o outro lado da “coisa”. E principalmente a parte em que saía de lá inspirada para fazer montes de coisas…

- E então?

- Então agora tenho-te a ti! Tu desempenhas bem esse papel também…

- Mas…?

- Mas dois são sempre melhor que um! (sorriu)

- Pois é verdade. E ele, ao que me lembro, tinha-te dito que deverias ampliar a tua rede social, não foi?

- Sim!

- E então, já fizeste isso?

- Mas como, Fritz? Como posso eu fazer isso? Tu sabes que eu nunca fiz isso! Eu nunca iniciei uma amizade… são sempre os outros que se chegam a mim… quando eu tento, escolho sempre mal as pessoas. Ou porque acabo por descobrir que afinal não têm nada a ver comigo, ou porque as pessoas se afastam, provavelmente porque elas acham que eu não tenho nada a ver com elas… Olha, já desisti! Agora não procuro mais… se alguém me encontrar, tudo bem, senão fico com os que já tinha! São poucos mas bons! Sei que posso contar com eles…

Além disso a relação que tenho contigo tem sido muito enriquecedora! Acho que não preciso de mais ninguém… Contigo sinto-me sempre acompanhada!

- Então quer dizer que não vais mesmo voltar à terapia!?!

- Não, não vou!… Pelo menos para já não sinto essa necessidade.

Sabes o que me apetece fazer?

- Não! O quê?

- Escrever um livro! Mas um livro mesmo! Editado e tudo… sobre nós!

- Nós? Nós quem...? Eu e tu?

- Sim lindo… nós dois! Um livro sobre a nossa amizade.

- És louca! - disse-lhe eu no meio de uma gargalhada

- Talvez! Mas neste momento começo a gostar da minha loucura…
 
 
                                                                                              
                                                                                                 O. V., Janeiro de 2013