terça-feira, 6 de dezembro de 2016

“Até a tristeza pode-se tornar um florescimento”


A tristeza é triste porque você não gosta dela. Ela é triste porque você não gosta de senti-la. Ela é triste porque você a rejeita. Até a tristeza pode se tornar um florescimento de grande beleza, de silêncio e profundidade, se você gostar dela. 
Quando a tristeza vier, aceite-a. Ouça a sua canção. Ela tem algo para lhe dar. Trata-se de uma dádiva que felicidade nenhuma pode-lhe oferecer; só a tristeza pode.
A felicidade é sempre superficial; a tristeza é sempre profunda. A felicidade é como uma onda; a tristeza é como as profundezas do oceano. Na tristeza, você fica consigo mesmo, sozinho. Na felicidade, você começa a acompanhar outras pessoas e começa a compartilhar. Na tristeza, você fecha os olhos e mergulha fundo dentro de si mesmo.
A tristeza tem uma canção… ela é um fenómeno extremamente profundo.
Aceite-a. Aproveite-a. Prove-a sem nenhuma rejeição e você verá que ela lhe traz muitas dádivas que nenhuma felicidade pode trazer.
Se você conseguir aceitar a tristeza, ela deixa de ser tristeza; você dá um novo carácter a ela. Você crescerá por meio dela. Ela não será mais uma pedra, uma rocha no caminho, bloqueando a passagem; ela será um passo. 
E lembre-se sempre: aquele que nunca sentiu uma tristeza profunda é uma pessoa pobre. Ele nunca terá riqueza interior. A pessoa que sempre viveu feliz, sorrindo, com frivolidade, não entrou no templo interior do seu ser. Ela não conhece o santuário interior.
Seja sempre capaz de ir para todas as polaridades. Quando a tristeza vier, fique realmente triste. Não tente fugir dela – permita-a, coopere com ela. Deixe que ela se dissolva em você e você se dissolverá nela. Deixe que você e ela sejam uma coisa só. Fique realmente triste: sem resistência, sem conflito e sem luta.
Quando a felicidade vier, fique feliz: dance e fique extasiado.
 Quando a felicidade vier, não tente se agarrar a ela. Não diga que ela tem de durar para sempre; assim você a perderá. Quando a tristeza vier, não diga: “Não venha”, ou “Se tem de vir, por favor venha logo”. Assim você deixa de aproveitá-la.
Não rejeite a tristeza e não se apegue à felicidade.
Logo você entenderá que a felicidade e a tristeza são dois aspectos da mesma moeda. Então você verá que a felicidade também traz em si uma tristeza e a tristeza traz em si uma felicidade.
Então o seu interior fica mais rico. Você pode desfrutar de tudo: da manhã e do entardecer também, da luz do dia e da escuridão da noite, do dia e da noite, do verão e do inverno, da vida e da morte – você pode desfrutar de tudo.

Osho, em “O Livro do Viver e do Morrer: Celebre a Vida e Também a Morte”.









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segunda-feira, 21 de novembro de 2016

O toque....

Não digas nada...
Dispenso as palavras quando, sinto seu toque em meu corpo."
 Ginna Gaiotti


Tocar, sentir, viver….

Tocar ou ser tocado é algo tão importante, quanto o acto de nos alimentarmos. O toque é um dos nossos cinco sentidos, e como tal essencial para que tenhamos uma vida emocional equilibrada. Ao sermos tocados, os nossos receptores da pele, permitem perceber a mensagem do toque associada, qual o sentimento, sensação ou emoção e isto leva-nos a poder aceder ao nosso “ Eu interior”, a contactarmos com aquilo que nos faz únicos face aos demais…o nosso Sentir!!!

Desde que nascemos que iniciamos a nossa viagem sensorial, começamos pelo toque dos nossos pais que nos transmite os sentimentos que experimentaremos no nosso seio familiar (segurança, protecção, amor, cuidado…). Estudos comprovam que tanto a massagem quanto um simples toque ajudam um recém-nascido a crescer de forma saudável quer fisicamente quer a nível cognitivo, social e afectivo. As crianças desde tenra idade procuram o toque: ao sinal de qualquer medo ou sensação de perigo, pedem a mão ou o colo; às vezes, fazem um “beicinho”  para um miminho; procuram dormir com os pais, não só para ficarem quentinhas, mas para que a proximidade física e toque lhes confira a sensação de protecção e carinho.
Infelizmente, por condicionalismos culturais, tem-se verificado a existência de uma reacção negativa ao toque, sendo muitas vezes apagado das nossas vidas, por se considerar uma invasão de privacidade, uma intimidade excessiva, em muito associada à sexualidade.
Contudo, nem sempre o toque está relacionado ao sexo!!!!
Em muitos países, as pessoas apertam as mãos, abraçam-se e beijam-se com maior frequência, para que seja mantido um saudável nível de interacção ao toque.
Muitas vezes, os idosos tentam também nos relembrar do valor do toque: procuram uma mão, um carinho numa conversa, que frequentemente não surge perante a nossa impaciência ou falta de tempo, para dedicar-lhes um minuto de atenção. Mas, se pararmos por esse minuto, veremos o quanto temos a aprender e como um carinho daquelas mãos maltratadas pelo tempo nos dá o conforto e a segurança.
Um toque tão simples como o aperto de mão, pode fazer a diferença, na interacção que desenvolvemos com quem trocamos esse aperto.
Um toque agradável liberta oxitocina no organismo e com isso a diminuição do stress e o aumento do bem-estar são consequências reais e bem prazerosas!
Se o toque é essencial para o ser humano, nas relações que estabelece, ganha ainda maior importância ao falarmos nas relações significativas, sobretudo nas conjugais.
O toque no foro das relações conjugais, é um bom termómetro para a própria relação. O toque permite exteriorizar sentimentos como carinho, atenção, cuidado, paixão, cumplicidade….abrindo uma linguagem não verbal de extrema importância para a manutenção da ligação a dois e muitas vezes recordando ou dando a conhecer sentimentos que as palavras por si só não traduzem.

Assim, abram as vossas mentes e braços …e deixem que o toque vos fale ao coração…


Elisabete Gomes

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Sabiam que é possível existir várias verdades?


Esta é uma realidade com que nos deparamos muitas vezes, com os nossos amigos, com familiares, até mesmo no nosso trabalho, ouvimos duas pessoas contar versões diferentes de um mesmo acontecimento…isto não significa que estão a mentir, simplesmente que cada um está a contar a sua versão dos acontecimentos, com base na forma como se sentiu e como percepcionou o dito acontecimento. Quando discutimos e quando estamos em conflito, o mesmo acontece. É importante reconhecermos esta dupla existência da verdade … não existe uma verdade apenas, ambos podem ter razão. Esta noção descentra-nos de uma sociedade virada para o conflito e para a competição e ensina-nos que a escuta ativa e a negociação são melhores abordagens na resolução de conflitos.


O trabalho que desenvolvemos em mediação familiar vai de encontro a esta ideologia. Se ainda não conhecem a abordagem da mediação mas esta visão sobre a verdade vos faz sentido, sugerimos que leiam os nossos artigos anteriores sobre mediação familiar.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Aprender a despedir-se, aprender a reciclar

Após o São Valentim onde passamos semanas a falar do amor, faz sentido também falar do desamor, do acabar das relações, e de como fazer, para tirar partido do passado. Adaptamos o texto da  Dra. Fina Sanz onde fala sobre como “reciclar “ estas experiências. Leiam com atenção.

Quiçá não nos apercebemos, mas no decorrer da nossa vida estamos dizendo adeus continuadamente. Adeus à nossa infância quando entramos na puberdade, à nossa adolescência quando entramos na juventude, à juventude dos nossos corpos quando vamos envelhecendo, aos nossos filhos quando crescem, quando criam os seus espaços de independência ou quando deixam a casa; adeus aos nossos pais e à relação que tivemos com eles na infância, ao trabalho que tivemos, à casa onde vivemos, a uma amiga que se muda de localidade, a um amigo que morre, a um amor que deixa de o ser…

Cada período da nossa vida deixa para trás coisas que são irrecuperáveis -o que foi, foi- porque é passado. O presente é outra coisa, integra elementos do passado, é certo, mas constitui uma situação aberta a outras possibilidades e contém o gérmen do futuro, que também não existe.

Em cada momento presente estamos dizendo adeus a alguma coisa, e abrindo-nos a novas possibilidades vitais. Passado e futuro estão integrados no presente, mas o único que de  verdade  existe é o presente. O passado já não existe e o futuro não sabemos como será.

Contudo, a realidade é que frequentemente vivemos mais no passado ou no futuro, do que no presente. Dedicamos grande parte da nossa vida a queixarmo-nos do quanto fomos infelizes no nosso passado (por culpa da nossa mãe, do nosso pai ou parceiro/a...) e com isso justificamos a nossa infelicidade atual sem fazer nenhuma coisa para mudá-la e ficamos na queixa. É como se continuássemos lutando por um futuro, situados no passado com a esperança de que este mude.
Viver no presente implica ir dizendo adeus ao passado, fechar episódios, etapas da nossa vida. Não para esquecer, mas sim para integrá-las como experiência vital com todo o bom e o mau que tiveram e para poder transformá-las numa experiência de aprendizagem para o presente. “ pode-se perdoar mas não esquecer” , dizia a terapeuta Monique Fradot. Acho que o que “esquecemos” realmente não fica eliminado, acho que fica guardado ao nível do inconsciente, e atua sem que nos apercebamos e magoa-nos. Acredito que, as coisas que nos lembramos -mesmo com dor- e que podemos perdoar após o tempo de luto necesssário, são por nós recicladas emocionalmente e reconvertidas numa experiência positiva.

“Para esquecer há que lembrar-se” como diria A. Mastretta.

Por isso a pergunta que devemos fazer-nos é: onde estamos a viver? No passado? No futuro? Ou no presente? Reciclar é uma arte!