quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014


       As máscaras que usamos…

Dia de Amigos, Dia de Amigas, …o início dos festejos de Carnaval!
Nesta altura em que todos por momentos abertamente nos mascaramos de algo, dei por mim a pensar nas máscaras que todos os dias usamos. Trabalho, família, amigos, conhecidos, eventos sociais, desportos, atividades lúdicas…tantos contextos, tantas especificidades, tantos desafios e uma só pessoa!
Perante estes contextos, damos por nós a usar máscaras que mais não são do que as maneiras como a nossa personalidade se apresenta ao meio onde convive e para o mundo no qual existe e se relaciona. Altruísta/egoísta; dependente/ independente, carinhoso/frio; seguro/inseguro, otimista/pessimista; sonhador/pragmático; bem disposto/sofredor…são alguns dos exemplos das máscaras que usamos nos diferentes papéis que desempenhamos e que não são negativas ou positivas, boas ou más… são os nossos mecanismos de adequação às várias circunstâncias que se apresentam na vida, são simplesmente facetas de nós próprios, partes da nossa essência necessárias para garantirmos o desempenho dos vários papéis nas nossas vidas ao nos relacionarmos.
Estas máscaras constituem muitas vezes bastões em que nos apoiamos, outras vezes alavancas quando nos permitem mostrar um pouco mais de nós, um lado mais oculto e catalisador ou ainda podem ser margens que nos dão noção dos nossos limites e competências.
Contudo, quando nos prendermos demasiado a algumas máscaras, ficamos impossibilitados de ter uma visão integral, quer de nós próprios quer do que nos rodeia. Pensar que somos a própria máscara faz-nos perder de nós mesmos e potencialmente criar terreno fértil para a insegurança, a ansiedade, a frustração, a depressão, dificuldades ou incapacidade temporária de agir ou decidir…conhecermos as nossas máscaras, termos consciência da sua existência e da sua função, aceitá-las como partes do todo que somos e não como o todo, nem sempre é fácil. Podemos bloquear, sentirmo-nos perdidos e sem capacidade de prosseguir no nosso caminho, nas vivências do dia-a-dia e nos projetos futuros. Neste processo de auto-conhecimento e de auto-aceitação a terapia individual sistémica poderá ser um importante recurso, que permitirá conhecer o todo, aceitar e integrar as partes e ajudar a caminhar nesta fantástica viagem que é a SUA VIDA.
                                                 

                                                                                            Elisabete Gomes


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Divórcio, Terapia de Casal e Mediação Familiar


Se o divórcio num casal sem filhos corresponde sempre a um momento difícil, as dificuldades aumentam quando há descendentes. Por isso, os problemas do pós-divórcio e as questões da coparentalidade são muitas vezes alvo de intervenções no campo jurídico e psicossocial.
Em algumas situações, é possível intervir cedo, o que é aconselhável. Uma terapia de casal pode permitir m novo olhar sobre o relacionamento marital e potenciar alternativas. A terapia de casal de orientação sistémica, tal como a praticamos na Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar, não visa evitar o divórcio. Fornece um contexto que torna mais fácil a decisão, qualquer que ela seja. Noutras situações, a intervenção terapêutica pode ser individual.
No momento da crise e quando existem filhos, a mediação familiar constitui uma boa indicação. Introduzida em Portugal por Maria Saldanha Pinto Ribeiro nos anos oitenta (em conjunto com técnicos de diversa formação, entre os quais eu próprio), não teve, infelizmente, toda a evolução esperada. (…)
Era fundamental que todos os casais em divórcio soubessem que a mediação familiar foi criada não só com a intenção de ajudar a resolver disputas legais mas também com a finalidade de importante intervenção preventiva, para melhorar a coparentalidade e contribuir para uma boa evolução das crianças no pós-divórcio.
Em certos países, o próprio tribunal interrompe a acção legal e recomenda a mediação, voltando o juiz a intervir depois do acordo alcançado. Embora não existam estudos sistemáticos sobre a eficácia da mediação, muitos exemplos atestam a sua utilidade em casos de divórcio. Em Portugal, dado o grande número de incumprimentos e casos que se arrastam durante anos sem resolução à vista, a generalização da mediação familiar seria uma boa medida.”




A equipa do 180 tem o prazer de partilhar convosco este excerto do livro de Daniel Sampaio, “Labirinto de Mágoas”, por duas razões. Em primeiro lugar, porque os nossos terapeutas familiares, sendo também formados na Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar, partilham a visão deste autor no que se refere à terapia de casal. Em segundo, porque acreditamos que a mediação familiar é um recurso importante para as famílias que se encontram emaranhadas em conflitos, sobretudo nas situações de divórcio/separação, o que nos levou a criar um serviço de mediação familiar privado, resposta esta que, tanto quanto sabemos, é pioneira na região dos Açores.