segunda-feira, 15 de julho de 2013

Onde está a minha voz?!



“Sinto-me deprimida(...), sinto-me sem voz!” - disse ela em sessão.
Dei por mim dias depois a refletir sobre a importância da Voz!
Voz, essa imensa capacidade que o ser humano tem de emitir sons que lhe permitem falar, rir, cantar, chorar, gritar... permite-nos comunicar e como tal é um instrumento fundamental nas relações humanas. Porém, mais do que permitir que a linguagem esteja presente e se criem diálogos e como tal interações com outros, a nossa voz expressa os nossos pensamentos, sentimentos e emoções.  
Na azáfama do dia-a-dia e com as múltiplas exigências do quotidiano moderno, cada vez mais temos dificuldade em ouvir a nossa voz! Não aquela que produz sons através das cordas vocais, mas aquela que condiciona a nossa forma de estar, sentir e agir. Quando perdemos a capacidade de nos escutar, de escutar o nosso corpo, as nossas sensações mais imediatas e viscerais, a linguagem inarticulada do “eu”, quando acumulamos vivências sem as integrar em nós, deixámo-nos invadir pelas tensões, pelas preocupações, pelo cansaço, por emoções reprimidas, sentimo-nos assoberbados, ansiosos, deprimidos, perdidos e debilitamos a nossa capacidade de lidar e enfrentar as situações desafiantes da vida. Frequentemente paralisamos e rigidificamos em posições que promovem a manutenção deste nosso mal-estar e a não resolução das crises ou situações problemáticas que vivenciamos. Muitas vezes, a voz perde-se no mar de vozes externas que ao longo da vida nos marcaram ou marcam e que persistem dentro de nós, condicionando ainda que de forma inconsciente o que fazemos e como nos sentimos, por vezes até nos maltratando. Na maior parte das vezes nem nos damos conta que não estamos a ouvir a nossa Voz, mas simplesmente constatamos que não estamos bem e que não estamos a conseguir alterar este nosso estado.
Reencontrar a nossa Voz interior é pois essencial para o nosso bem-estar, há que amplificar as nossas ressonâncias internas, há que “dar voz à nossa Voz”, quer essa voz se manifeste verbal ou não verbalmente, o importante é que sejamos pelo menos capazes de dar conta da sua existência.
“Dar conta da sua voz, dar voz à sua Voz” - pensei eu – “ estamos aqui para isto! As múltiplas facetas da terapia!”.


                                                                                                                                 Elisabete Gomes

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