“Uma criança cuja capacidade intelectual era adequada em relação ao seu
grupo etário apresentava problemas de rendimento na escola. Os professores
tinham comentado anteriormente com os pais o que se passava.
O pai, excessivamente ocupado na sua actividade laboral, reduzira ao
máximo a atenção que podia prestar ao filho.
A mãe, que trabalhava fora de casa, era uma pessoa bastante ocupada, e
também quem efectuava a maior parte das tarefas domésticas. Quase sempre quando
o filho chegava da escola, estava ocupada nalguma dessas actividades e assim
dispunha de pouco tempo para lhe prestar atenção.
Certa tarde, enquanto efectuava essas tarefas, o filho chegou da escola
particularmente satisfeito e comentou que recebera os parabéns da professora
por um desenho que fizera. A mãe deixou o que estava a fazer, pediu que lhe
mostrasse o desenho e desfez-se em elogios em relação às suas aptidões
artísticas e, além disso, reconheceu o esforço que estava a fazer nas restantes
disciplinas.
No dia seguinte, para surpresa da mãe, o filho trouxe da escola uma
folha com uma redacção em que tinha tido cuidado especial com a caligrafia e a
apresentação. De novo, a mãe decidiu prestar-lhe atenção e relegar as suas
ocupações para segundo plano.”
Com este excerto pretendemos
demonstrar o valor da atenção como reforço do comportamento das crianças. Ao
utilizar a palavra “reforço” pretendemos descrever um acontecimento, resultado
ou consequência que se associa a determinado comportamento e que é capaz de
modificar a probabilidade de que o mesmo comportamento se volte a repetir.
Quando recompensamos ou castigamos uma criança em consequência de um
comportamento específico estamos a promover que a criança repita ou evite esse
comportamento. Uma das maiores recompensas que se pode dar a alguém é a
ATENÇÃO, sendo que a retirada de atenção constitui o pior castigo. Um
comportamento a que se preste atenção tem tendência para se repetir, ao invés
os comportamentos que não recebem atenção têm tendência a desaparecer, desde
que não se obtenha outro tipo de recompensa pelos mesmos.
O exemplo acima descrito
demonstra como a atenção da mãe reforçou o comportamento adequado do filho –
esforçar-se na escola. Por outro lado, se prestarmos atenção a uma criança que
diz um palavrão, podemos estar, sem nos apercebermos, a reforçar esse tipo de
linguagem.
Com este texto pretendemos
demonstrar a importância de se analisar que comportamentos estamos realmente a
reforçar quando dedicamos a nossa atenção a alguém.
Adaptado do livro “Educar sem gritar”
Carolina Teves
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