terça-feira, 4 de dezembro de 2012


"O Mito da meia laranja" adaptado de Juan Batista Pino

Cada um de nós é uma meia laranja? Ou uma laranja completa? Porque nos unimos em casal?





O “mito da meia laranja” leva-nos a crer que a solução dos nossos problemas e o nosso bem-estar estão fora de nós mesmos, numa outra pessoa que nos tornará completos. Consideramos ser a metade de algo e procuramos alguém que encerre esse círculo e nos leve à “felicidade”. 
Cabe-nos perguntar se dois seres incompletos formam algo completo ou se, pelo contrário, aumentam esta condição de “não completos”...


Um dos problemas inerentes ao consideramos o outro a minha “meia laranja” é considerarmos a nós mesmos de igual forma, a metade de algo. Assim, colocamos o nosso bem-estar nas mãos do outro, no sentido em que nos tornamos dependentes do outro para estar bem.

Alguns de nós unimo-nos para não estar sós o que nos leva, mais a procurar solucionar os nossos próprios problemas, que propriamente em estar com a outra pessoa.

O “estar só” é uma faceta da condição humana que deve ser conquistada e aceite. Devemos despojá-la do todo o cariz dramático e aprender a lidar razoavelmente bem com ela. Quando aprendemos a estar sós, explorando a nossa individualidade, aceitando as nossas dificuldades e assumindo que o nosso bem-estar depende, principalmente, de nós mesmos, então seremos mais autónomos e podemos unir-nos livremente a outros sem depender deles.

É muito mais saudável considerar-se a si mesmo como uma “laranja completa” com todas as suas possíveis imperfeições e fragilidades, mas algo inteiro e não a meio. Todos somos seres íntegros e acabados, individuais e prontos para evoluir. A partir desta posição de autonomia e responsabilidade comigo mesmo, podemos e devemos, procurar a outra “laranja completa” com quem queremos partilhar esta visão da relação e da vida.

Verdadeiramente, os dois membros de um casal unem-se, no sentido de se completar e desenvolver cada um a si mesmo e por si mesmo e utilizam entre outras coisas e de maneira principal, a união e a relação com o seu cônjuge. Mas não se completam somando-se um ao outro. Não se trata de se fundir com o outro, mas sim de caminhar em paralelo, lado a lado.

Nos alicerces de um casal, há uma verdadeira amizade na qual cada um não se propõe a mudar o outro para ajustá-lo aos seus interesses, mas aceita-o tal como é e como muito, propõe-se mudar-se a si mesmo no sentido de querer ser melhor, para assim dar coisas melhores ao casal.

A visão romântica não é suficiente para que uma relação seja saudável e duradoira. Trata-se de ter uma amizade genuína, inclusivamente ser amigos antes de amantes, capacidade de apoiar-se nos projectos de cada um, um verdadeiro gostar mais além do “do físico” e capacidade de atravessar momentos difíceis escutando-se e partilhando.

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