Como
saber quando procurar ajuda profissional para ajudar a superar a sua
experiência de perda/luto?
É
importante não “patologizar” o luto encarando-o que se fosse uma
doença, no entanto, também é importante garantir a reorganização
da própria vida depois de uma perda significativa.
Podemos
ficar “bloqueados” de muitas maneiras no ciclo do luto. O luto
pode estar aparentemente ausente, cronificar-se ou representar uma
ameaça na nossa vida. Estes resultados negativos são mais prováveis
nos casos de perdas traumáticas (por exemplo, os que implicam danos
no próprio corpo ou quando um ser querido é vítima num acidente).
Também pode ser dificil a acomodação a mortes “fora de tempo”
que não estão sincronizadas com o ciclo de vida familiar, como pode
ser o caso da morte de uma criança.
As
características da pessoa que sofre a perda também podem influir no
processo e no resultado do luto, caracteristicas estas que podem incluir o uso de estratégias como o recorrer a ansiolíticos ou ao alcool. Por
último, os factores contextuais, como o apoio social com o que a
pessoa conta, também podem facilitar ou
dificultar a elaboração de um luto saudável.
Um
exemplo especialmente dramático é o fenómeno da “sobrecarga de
luto” em que o indivíduo se enfrenta com as mortes simultaneas ou
sequenciais de um grande número de outros
significativos.
Como
pode saber quando deve procurar ajuda para além do seu circulo
habitual de amigos e familiares, para assimilar a sua própria
experiencia de perda?
Uma
resposta possível é se pode reconhecer que ficou “bloqueado” no
seu luto: se foi incapaz de “sentir” durante meses pela perda do
seu ser querido, ou pelo contrário, se se sente “preso” no seu
sofrimento intenso e implacável, que pode chegar a pô-lo em perigo
a si mesmo ou às pessoas que tem à sua responsabilidade.
Ainda
que todos devamos tentar encontrar sentido para as nossa perda e para
a vida que levamos depois de sofrê-la, não há nenhum motivo para
fazê-lo de forma heroica, sem o apoio, os conselhos ou as ajudas
concretas dos outros.
Quando
procurar ajuda?
A dor, a solidão e
as perturbações que acompanham o luto não têm nada de “anormal”,
no entanto, há alguns sintomas que deveriam levar-nos a procurar um
profissional ou alguma pessoa do nosso meio que possa ajudar-nos:
profissionais de saúde mental, médicos, guias espirituais, grupos
de apoio. Cada pessoa deve tomar a sua decisão livremente mas deve
colocar seriamente a possiblidade de falar com alguém sobre o seu
luto se apresenta algum dos seguintes sintomas:
. Sentimentos de
culpa intensos, provocados por coisas diferentes às que fez ou
deixou de fazer no momento da morte do seu ser querido;
. Pensamentos de
suicídio que vão mais além do “desejo passivo de estar morto”
ou de poder reunir-se com o seu ser querido;
. Desespero extremo,
a sensação de que por muito que tente nunca vai poder recuperar uma
vida que valha a pena viver;
. Inquietude ou
depressão prolongadas a sensação de estar “preso” ou
“lentificado” mantida ao longo de vários meses;
. Sintomas físicos,
como a sensação de aperto no peito ou perda substancial de peso,
que podem representar uma ameaça para o seu bem-estar físico;
. Ira descontrolada,
que faz com que os seus amigos ou seres queridos se distanciem ou que
o leva a “planear uma vingança” da sua perda;
. Dificuldades
continuadas de funcionamento que se manifestam na sua incapacidade
para conservar o seu trabalho ou realizar as tarefas domésticas
necessárias à vida diária;
. Abuso de
substâncias, confiando demasiado nas drogas ou alcóol para desterrar
a dor da sua perda.
Qualquer destes
sintomas pode ser uma caracteristica pasageira de um proceso normal
de luto, mas a sua presença continuada deve ser causa de
preocupação e merece a atenção de um profissional para além das
figuras de apoio informal presentes na vida de cada um de nós.
Adaptado de Neimeyer
(2000) “Aprender de la perdida”
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