A MF é um método
alternativo de resolução de conflitos, por outras palavras, é um recurso para
as famílias que estão a lidar com algum tipo de conflito familiar, seja ele
relacionado com a separação divórcio, com questões monetárias, por exemplo,
heranças ou até relacionado com decisões sobre quem fica encarregue da
prestação de cuidados a idosos ou familiares incapacitados.
A maioria das
situações que chegam à mediação familiar referem-se a situações associadas a
separação ou divórcio, não fosse esta uma etapa recheada de incertezas,
dúvidas, avanços, retrocessos, mas acima de tudo, decisões a tomar. Quando a
tudo isto juntamos a turbulência de emoções e sentimentos contraditórios por
que o casal passa, temos um contexto ideal para o aparecimento de inúmeros
desentendimentos e conflitos familiares.
Atendendo a que a separação/divórcio são
acontecimentos comuns nos dias de hoje, decidimos partilhar convosco um
exemplo do que pode acontecer num caso de mediação familiar nessa situação, referindo também as dificuldades que poderiam surgir numa
primeira sessão de mediação.
Exemplo I
Informação
prévia prestada nos formulários de orientação
Mulher –
Cristina, 34 anos secretária (a tempo
parcial)
Marido –
António, 38 anos gestor de marketing
Filhos – Rebeca,
11 anos
Sofia, 9 anos
Mateus, 6 anos
Cristina e
António estiveram casados doze anos. Separaram-se há um mês. Cristina continua
a viver no apartamento familiar com as crianças. António deixou o lar há um mês
e está a viver num apartamento alugado com a companheira Célia. O apartamento
familiar está em nome dos dois e António ainda está a pagar uma hipoteca. Nem
um nem outro possuem reservas ou outros bens significativos.
Razões
para recorrerem à mediação: António
escreveu no seu formulário de orientação: “É cada vez mais difícil discutir
assuntos económicos e sobre os filhos sem que os nossos sentimentos
interfiram.”
Por seu lado, Cristina escreveu no
seu formulário: “Preciso saber qual é a minha situação financeira. As crianças
estão perturbadas e aborrecidas por verem o pai ir e vir”.
Ambos dizem quem não têm a certeza
de como resolver as coisas porque é difícil falarem. Os problemas que eles
pretendem analisar incluem soluções para os filhos. Nomeadamente, a relação do
António com os filhos, pois tem tendência para ir e vir continuamente, e os
filhos não sabem quando o voltarão a ver.
Dificuldades na
primeira reunião:
- A irritação e a aflição de Cristina, Sente-se muito
abandonada por António e não tem a certeza de querer colaborar com ele
depois da maneira como ele a abandonou a ela e aos filhos. Ela tem também
a preocupação de poder não ser capaz de sobreviver financeiramente.
- A zanga, os sentimentos de culpa e de perda de
António, que acusa a Cristina por alguns dos problemas que levaram à
ruptura do casamento. Receia que ela vire os filhos contra ele, por isso
tem uma posição defensiva e acusa Cristina
- Discussão sobre as crianças. Cada um dos pais tem
uma perspectiva diferente.
- Célia, a companheira de António. A emoção aumenta
sempre que o seu nome é mencionado.
- Confusão financeira e ansiedade sobre o pagamento
das contas.
- Cada um dos parceiros está profundamente
descontente sobre o que se passou entre eles. As opiniões sobre quem é o
grande responsável estão misturadas com as preocupações sobre as crianças
e os receios sobre o seu futuro.
Exemplo retirado
do livro Mediação Familiar, Lisa Parkinson, 2008.
Final 1ª parte …
Sem comentários:
Enviar um comentário