“Se o divórcio num casal sem filhos corresponde sempre a um momento
difícil, as dificuldades aumentam quando há descendentes. Por isso, os
problemas do pós-divórcio e as questões da coparentalidade são muitas vezes
alvo de intervenções no campo jurídico e psicossocial.
Em algumas situações, é possível intervir cedo, o que é aconselhável.
Uma terapia de casal pode permitir m novo olhar sobre o relacionamento marital
e potenciar alternativas. A terapia de casal de orientação sistémica, tal como
a praticamos na Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar, não visa evitar o
divórcio. Fornece um contexto que torna mais fácil a decisão, qualquer que ela
seja. Noutras situações, a intervenção terapêutica pode ser individual.
No momento da crise e quando existem filhos, a mediação familiar
constitui uma boa indicação. Introduzida em Portugal por Maria Saldanha Pinto
Ribeiro nos anos oitenta (em conjunto com técnicos de diversa formação, entre
os quais eu próprio), não teve, infelizmente, toda a evolução esperada. (…)
Era fundamental que todos os casais em divórcio soubessem que a
mediação familiar foi criada não só com a intenção de ajudar a resolver
disputas legais mas também com a finalidade de importante intervenção
preventiva, para melhorar a coparentalidade e contribuir para uma boa evolução
das crianças no pós-divórcio.
Em certos países, o próprio tribunal interrompe a acção legal e
recomenda a mediação, voltando o juiz a intervir depois do acordo alcançado.
Embora não existam estudos sistemáticos sobre a eficácia da mediação, muitos
exemplos atestam a sua utilidade em casos de divórcio. Em Portugal, dado o
grande número de incumprimentos e casos que se arrastam durante anos sem
resolução à vista, a generalização da mediação familiar seria uma boa medida.”
A equipa do 180 tem o prazer de
partilhar convosco este excerto do livro de Daniel Sampaio, “Labirinto de
Mágoas”, por duas razões. Em primeiro lugar, porque os nossos terapeutas
familiares, sendo também formados na Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar, partilham
a visão deste autor no que se refere à terapia de casal. Em segundo, porque
acreditamos que a mediação familiar é um recurso importante para as famílias
que se encontram emaranhadas em conflitos, sobretudo nas situações de
divórcio/separação, o que nos levou a criar um serviço de mediação familiar
privado, resposta esta que, tanto quanto sabemos, é pioneira na região dos
Açores.
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