“Sinto-me
deprimida(...), sinto-me sem voz!” - disse ela em sessão.
Dei por
mim dias depois a refletir sobre a importância da Voz!
Voz,
essa imensa capacidade que o ser humano tem de emitir sons que lhe permitem
falar, rir, cantar, chorar, gritar... permite-nos comunicar e como tal é um
instrumento fundamental nas relações humanas. Porém, mais do que permitir que a
linguagem esteja presente e se criem diálogos e como tal interações com outros,
a nossa voz expressa os nossos pensamentos, sentimentos e emoções.
Na
azáfama do dia-a-dia e com as múltiplas exigências do quotidiano moderno, cada
vez mais temos dificuldade em ouvir a nossa voz! Não aquela que produz sons
através das cordas vocais, mas aquela que condiciona a nossa forma de estar,
sentir e agir. Quando perdemos a capacidade de nos escutar, de escutar o nosso
corpo, as nossas sensações mais imediatas e viscerais, a linguagem inarticulada
do “eu”, quando acumulamos vivências sem as integrar em nós, deixámo-nos
invadir pelas tensões, pelas preocupações, pelo cansaço, por emoções
reprimidas, sentimo-nos assoberbados, ansiosos, deprimidos, perdidos e
debilitamos a nossa capacidade de lidar e enfrentar as situações desafiantes da
vida. Frequentemente paralisamos e rigidificamos em posições que promovem a
manutenção deste nosso mal-estar e a não resolução das crises ou situações
problemáticas que vivenciamos. Muitas vezes, a voz perde-se no mar de vozes
externas que ao longo da vida nos marcaram ou marcam e que persistem dentro de
nós, condicionando ainda que de forma inconsciente o que fazemos e como nos
sentimos, por vezes até nos maltratando. Na maior parte das vezes nem nos damos
conta que não estamos a ouvir a nossa Voz, mas simplesmente constatamos que não
estamos bem e que não estamos a conseguir alterar este nosso estado.
Reencontrar a nossa Voz interior é pois essencial para o nosso bem-estar, há
que amplificar as nossas ressonâncias internas, há que “dar voz à nossa Voz”,
quer essa voz se manifeste verbal ou não verbalmente, o importante é que
sejamos pelo menos capazes de dar conta da sua existência.
“Dar
conta da sua voz, dar voz à sua Voz” - pensei eu – “ estamos aqui para isto! As
múltiplas facetas da terapia!”.
Elisabete
Gomes
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