Uma ligação ilícita pode ser catastrófica, mas também pode ser uma libertação, uma fonte de força, uma cura. Frequentemente, é todas estas coisas ao mesmo tempo. Quando a intimidade desapareceu, quando deixámos de conversar, quando há anos que já não somos tocados, estamos mais vulneráveis à gentileza de estranhos. Quando as crianças são pequenas e dependentes, a apreciação extraconjugal pode ser sentida como um tónico. Quando já são mais crescidas e saíram de casa, quem fica no ninho vazio pode procurar substituí-las noutro lado. Se a saúde nos falta, ou se a morte há pouco nos visitou, podem assaltar-nos explosões de insatisfação, um grito por algo melhor. Algumas aventuras extraconjugais são actos de resistência; outras acontecem quando não oferecemos qualquer resistência. A infidelidade pode ser o toque a rebate em defesa de um casamento, o alerta para uma necessidade urgente de lhe prestar atenção. Ou pode ser o toque a finados após o último suspiro de uma relação».
(Esther Perel, 2006, Amor e Desejo na Relação Conjugal, p.187)
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