Talvez seja por isso que a nossa insistência na exclusividade sexual é absoluta. Como o amor sexual adulto reproduz momentaneamente essa forma de fusão inicial mais primitiva - a fusão dos corpos, o mamilo que enche completamente a nossa boca e nos deixa perfeitamente saciados -, a ideia de o nosso amado estar com outra pessoa é um cataclismo. Para nós, o sexo é a traição suprema.
Por isso, a monogamia é a vaca sagrada do ideal romântico, pois é o que assinala a nossa excepcionalidade: eu fui escolhido, os outros foram recusados. Quando viras as costas a outros amores, confirmas a minha unicidade; quando a tua mão ou a tua mente divagam, a minha importância é destruída Por outro lado, se já não me sinto especial, são as minhas mãos e a minha mente que formigam de curiosidade As pessoas desiludidas têm tendência para vaguear. Poderá outra pessoa restaurar o meu significado?»
(Esther Perel, 2006, Amor e Desejo na Relação Conjugal, p. 184)
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