“Queremos muito ter um
filho!”, “ sempre sonhamos com este momento...”, mas quando
dois passam a três, as fantasias e sonhos anteriores
confrontam-se com a realidade e esta nem sempre se coaduna com o
espirito mágico idealizado pelo casal.
A chegada de um filho no
seio do casal, ainda que premeditada e desejada, promove uma
alteração na estrutura e dinâmica familiar.
Inicia-se uma nova etapa do ciclo vital familiar, gerando-se um
desafio para o casal ao nível da coexistência da sua
conjugalidade e da parentalidade, bem como face à sua relação
com as próprias familias de origem (filhos que agora também
são pais; pais que também são avós) e à
influência destas na nova dinâmica familiar do casal
(apoio e respeito pelas opções parentais do jovem casal
vs intromissão, julgamento, etc.).
Estas
mudanças iniciam-se com a gestação e vão
tomando rumos diferentes: o que era antes um investimento de um para
o outro no casal, passa a ser um investimento num ser que aos poucos
“cresce na barriga”, assumindo assim a relação
conjugal um novo enfoque, que para alguns traduz-se numa maior
proximidade, união e intimidade, com partilhas das expetativas
face ao novo membro da familia e do próprio futuro
funcionamento do casal como casal e como pais., assumindo-se como uma
época de solidificação da relação
e até de novo enamoramento. Para outros esta fase é
vivenciada com grande tensão, pautando-se por conflitos e
afastamento relacional, podendo em decorrência disto, as
relações conjugais ficar deterioradas principalmente
nos aspectos da sexualidade e intimidade conjugal, gerando
sentimentos de frustração e distanciamento do e para
com o outro, aliadas a diferentes vivências da conjugalidade e
parentalidade iminente.
A forma como cada casal
vivencia esta fase depende em muito do anterior relacionamento
conjugal, da sua capacidade de comunicação, da
cooperação e coesão, da partilha de medos e
emoções, da clarificação e ajustamento de
expectativas, definindo-se limites e papéis, tendo em vista a
continua evolução da família. Aqui a terapia
poderá assumir um papel fundamental coadjuvando na busca de
soluções e recursos para cada momento experienciado.
Ao longo de todo este
processo é de grande importância o casal não se
perder de vista: tempos a dois, momentos de intimidade, de partilha e
comunicação, de namoro e sexualidade são
essenciais para a sobrevivência do casal enquanto casal e para
consolidar o seu papel parental.
O reequilibrio da relação
conjugal e a chegada do novo ser, fruto desta relação
contribuirá para uma nova dinâmica na família e
poderá ser fonte de grande felicidade, alegria e beleza! Como
em qualquer mudança, surgirão transformações
e novas realidades criadas, tendo nestas o casal uma fase tão
gratificante quanto conseguir aproveitar a oportunidade única
de crescimento pessoal, conjugal e familiar, preparando-se assim
para outros momentos do seu ciclo vital.
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